Política

Estamos às portas de uma Terceira Guerra Mundial?

Conflitos reacendem debates sobre o risco de uma nova guerra mundial — e o que a história pode nos ensinar sobre o presente.

Dois homens em roupas militares com armas. (Imagem: Creative Commons)

Dois homens em roupas militares com armas. (Imagem: Creative Commons)

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Desde a invasão da Rússia à Ucrânia, em 2022, os gastos militares globais dispararam — tendência que se intensificou com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro deste ano. O cenário internacional, cada vez mais instável, tem acendido alertas em diversas partes do mundo.

Uma pesquisa do instituto YouGov, divulgada em maio, revelou um temor crescente, especialmente na Europa, sobre a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial. Os europeus, inclusive, demonstram menos confiança do que os americanos na capacidade de seus exércitos de protegê-los, o que reforça o clima de insegurança no continente.

Esse sentimento é respaldado por dados objetivos. O Índice Global da Paz (IPG) em 2024 apontou o maior número de conflitos ativos no mundo desde a Segunda Guerra. Além da guerra na Ucrânia e dos ataques em Gaza, os principais focos da cobertura internacional, há confrontos em curso na Etiópia, Iêmen, Mianmar, Síria, Sudão do Sul, entre muitos outros.

Diante desse panorama, torna-se inevitável o questionamento: estaríamos às portas de um novo conflito global? A sensação de medo alimenta especulações, mas também convida a uma reflexão mais profunda. Se não é possível prever o futuro, talvez possamos compreendê-lo melhor olhando para o passado, em busca de padrões históricos que se repetem. Afinal, como começaram as duas grandes guerras e tomaram proporções tão devastadoras?

O que são guerras mundiais?

Guerras mundiais são caracterizadas pelo envolvimento de múltiplas nações em diferentes continentes e por consequências profundas na ordem econômica e política internacional. O século 20 foi marcado por dois grandes conflitos que, iniciados na Europa, rapidamente ultrapassaram fronteiras e se tornaram de escala global: a Primeira Guerra Mundial (1914–1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939–1945).

A Primeira Grande Guerra (1914 - 1918)

Embora o termo “guerra mundial” já tivesse sido usado ocasionalmente antes de 1914, foi a Primeira Guerra que deu sentido real a essa expressão. Nenhum outro conflito até então havia impactado tantas vidas em tantos continentes. Segundo a National Geographic Brasil, a guerra envolveu a maioria das nações europeias da época, além da Rússia, dos Estados Unidos e de parte do Oriente Médio.

O conflito opôs as chamadas Potências Centrais — Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia — aos Aliados, compostos principalmente por França, Grã-Bretanha, Rússia, Itália e Japão. Os Estados Unidos entraram na guerra apenas em 1917. O embate terminou com a derrota das Potências Centrais, deixando marcas profundas na geopolítica global.

A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945)

Em um artigo para o Brasil 247, o historiador e jornalista André Gattaz observa que quem viveu os anos 1930 e o início dos anos 1940 dificilmente conseguiu identificar com exatidão o momento em que a Segunda Guerra Mundial começou. Embora a data oficial seja 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, a expansão territorial já havia começado antes, com a anexação da Áustria em 1938 e, na Ásia, com a invasão japonesa da Manchúria em 1931.

Até o ataque a Pearl Harbor, em 1941, o mundo vivia duas guerras regionais: uma na Europa e outra na Ásia. No conflito, Alemanha, Itália e Japão formaram o Eixo, enquanto Reino Unido, União Soviética, Estados Unidos, França e China integraram os Aliados. A guerra durou até 1945 e deixou entre 40 e 50 milhões de mortos.

O mundo inteiro estava envolvido?

Mesmo nas guerras mundiais, algumas nações optaram por não entrar diretamente nos combates — os chamados países neutros. No entanto, essas neutralidades eram muitas vezes relativas: países oficialmente isentos acabavam tomando ações que favoreciam um dos lados.

O Brasil, por exemplo, declarou-se neutro no início da Primeira Guerra, em 1914, mas entrou no conflito em 1917, após ataques alemães a navios brasileiros.

Fatores que se repetem nas guerras

Uma reportagem da BBC Brasil, publicada em fevereiro, discute a pergunta: “Como as grandes guerras começam — e os riscos que corremos em 2025”. O texto identifica padrões recorrentes nas duas guerras mundiais, que podem estar se repetindo hoje. O primeiro é o fortalecimento de sentimentos nacionalistas e imperialistas. O segundo, diretamente relacionado, é o desejo de certas lideranças de redesenhar o equilíbrio de poder global.

A matéria também destaca que grandes guerras costumam surgir em contextos com múltiplos focos de tensão simultâneos, geralmente organizados por alianças prévias. Ainda assim, esses fatores não garantem um conflito: durante a Guerra Fria (1947–1991), por exemplo, apesar da rivalidade entre EUA e União Soviética, o embate direto nunca se concretizou.

E o presente?

Em sua análise, André Gattaz observa que, até o momento, os conflitos atuais — como os da Ucrânia e do Sudoeste Asiático — resultaram em um número de mortos muito inferior ao das duas guerras mundiais. Uma das razões está na mudança do perfil da guerra: antes centrada na infantaria e na conquista territorial, hoje dominada por drones e mísseis de alta precisão, que tendem a limitar baixas civis em comparação às bombas lançadas sobre cidades como Berlim, Dresden ou Hiroshima.

Essa lógica, no entanto, não se aplica por completo à Ucrânia, onde há forte presença de tropas e destruição em larga escala, nem ao genocídio em Gaza, que envolve, segundo Gattaz, “não apenas a conquista do território, mas a expulsão dos habitantes nativos (limpeza étnica)”.

Assim, embora a resposta à pergunta sobre uma Terceira Guerra Mundial ainda seja negativa, já que o número de mortos permanece distante dos patamares dos grandes conflitos do século 20, é preciso relativizar esse critério. As guerras atuais parecem não depender mais de grandes deslocamentos de tropas ou da conquista territorial clássica, mas sim de novos formatos de ataque e violência.

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