26 de jun 2025

Governos da África Oriental buscam silenciar vozes dissidentes na região
Protestos em Kenya resultam em dez mortes e intensificam a repressão governamental, levantando preocupações sobre a democracia na região.

A repressão do Quênia aos manifestantes no último ano manchou sua imagem como um farol de democracia (Foto: AFP/Getty Images)
Ouvir a notícia:
Governos da África Oriental buscam silenciar vozes dissidentes na região
Ouvir a notícia
Governos da África Oriental buscam silenciar vozes dissidentes na região - Governos da África Oriental buscam silenciar vozes dissidentes na região
Kenya enfrenta uma onda de repressão que ameaça sua imagem como um bastião da democracia na África Oriental. Recentes protestos contra o governo de William Ruto resultaram em pelo menos 10 mortes, com a polícia sendo acusada de brutalidade. A situação se agravou após a morte do blogueiro Albert Ojwang em custódia policial, levando a novas manifestações.
Os protestos, que começaram em resposta a tentativas do governo de proibir a cobertura ao vivo das manifestações, foram marcados pela presença de jovens nas ruas, lembrando aqueles que morreram em protestos anteriores. O jornal Standard descreveu a situação como um "regime fora da lei", destacando a repressão que os manifestantes enfrentaram. O ministro do Interior, Kipchumba Murkomen, defendeu a atuação policial, alegando que houve "notável contenção" diante de uma suposta tentativa de golpe.
A Law Society of Kenya criticou a resposta da polícia, afirmando que a agressão e a força excessiva não têm lugar em uma sociedade democrática. O clima de tensão se intensificou após a morte de Ojwang, que foi preso por suposta difamação e morreu devido a ferimentos de agressão. Sua morte provocou protestos em Nairobi, que foram reprimidos pela polícia, resultando em feridos, incluindo um vendedor de rua.
Repressão Regional
A repressão em Kenya levanta preocupações sobre a estabilidade democrática na região. Observadores notam que o país pode estar seguindo o exemplo de Uganda e Tanzânia, onde a repressão a opositores é comum. A ativista Martha Karua alertou para uma crise democrática iminente, enquanto mais de 80 pessoas foram sequestradas no último ano, alimentando temores sobre a liberdade de expressão.
A situação é ainda mais complexa com a colaboração entre agências de segurança de Kenya, Uganda e Tanzânia para reprimir a oposição. O político ugandense Kizza Besigye, que foi detido em Nairobi, e a ativista tanzaniana Maria Sarungi Tsehai, que também foi sequestrada, exemplificam a crescente repressão que se estende além das fronteiras.
A resposta internacional tem sido considerada insuficiente, com a União Africana e as Nações Unidas sendo criticadas por sua falta de ação. O governo de Ruto, ao se desculpar com a Tanzânia por incidentes envolvendo ativistas, demonstra uma preocupação com a estabilidade interna e a pressão para controlar a dissidência. A repressão crescente em Kenya e seus vizinhos destaca um desafio significativo para a democracia na região.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.