01 de jul 2025

Ucranianos da Crimeia rejeitam proposta de Trump de ceder território à Rússia
Trump sugere que a Crimeia permaneça com a Rússia, gerando indignação entre ucranianos e riscos para a segurança global.

Protestos em 26 de fevereiro de 2014 em frente ao Parlamento da Crimeia contra a ocupação russa (Foto: Arquivo pessoal/Cedidas ao Estadão por Tamila Tasheva)
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A Crimeia voltou a ser um ponto central nas discussões sobre a guerra na Ucrânia após Donald Trump sugerir que a península deve permanecer sob controle da Rússia. A declaração, feita em abril, surpreendeu antigos moradores e líderes ucranianos, que consideram a proposta uma concessão inaceitável e um risco à segurança global.
A professora Valentina Potapova, de 62 anos, que viveu sob a ocupação russa por sete meses antes de fugir para Kiev, expressou sua indignação. Para ela, desistir da Crimeia é impensável, especialmente porque muitos de seus familiares ainda residem lá. A situação é ainda mais crítica para os tártaros da Crimeia, uma minoria autóctone que já enfrentou várias expulsões ao longo da história.
As conversas de paz entre Rússia e Ucrânia estão estagnadas, com a Rússia exigindo que a Ucrânia ceda 20% de seu território como condição para um cessar-fogo. A nova disposição de Trump em aceitar essa exigência foi vista como um retrocesso. Durante seu primeiro mandato, ele havia prometido não reconhecer a anexação da Crimeia até que a integridade territorial da Ucrânia fosse restaurada.
A Crimeia é um território estratégico, com acesso ao Mar Negro, e sua anexação pela Rússia em 2014 foi marcada por um referendo considerado ilegal. A região, que já foi parte da Ucrânia, tem uma história complexa de disputas territoriais, que remonta ao século 9. A ponte do Estreito de Kerch, construída pela Rússia, facilitou a invasão em larga escala da Ucrânia em 2022, tornando-se um alvo militar constante.
Para a deputada ucraniana Tamila Tasheva, a proposta de Trump representa um precedente perigoso. Ela alerta que aceitar a entrega da Crimeia significaria ignorar os crimes de guerra cometidos na região e abriria precedentes para outras potências ao redor do mundo. A luta pela Crimeia é, portanto, não apenas uma questão territorial, mas também uma questão de identidade e direitos humanos.
Os tártaros da Crimeia, que representam apenas 15% da população atual, veem a ocupação russa como uma tentativa de recolonização. Alim Aliev, um ativista político, destaca que a Crimeia é parte de sua identidade e que a luta por seus direitos continua. Ele e outros membros da comunidade têm trabalhado para manter viva a cultura tártara e denunciar as violações de direitos humanos na península.
A história da Crimeia é marcada por conflitos e deslocamentos, e a proposta de Trump reacende as feridas abertas de um passado recente. A luta pela Crimeia permanece viva, tanto para aqueles que foram forçados a deixar suas casas quanto para aqueles que ainda sonham em retornar.
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