Itamaraty convoca embaixador dos EUA após nota de apoio a Bolsonaro

O Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para esclarecer uma nota que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro. A convocação ocorreu após a embaixada americana afirmar que a "perseguição política" contra Bolsonaro é "vergonhosa" e desrespeita as tradições democráticas do Brasil.

A nota da embaixada, divulgada nesta quarta-feira, 9, ecoa críticas feitas pelo ex-presidente Donald Trump, que descreveu os processos judiciais contra Bolsonaro como uma "caça às bruxas". O governo brasileiro expressou desconforto com a declaração, considerando-a uma intromissão indevida em assuntos internos.

Durante a reunião, que durou cerca de 40 minutos, Escobar foi advertido sobre a gravidade da situação. A secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, Maria Luísa Escorel, destacou que a posição dos EUA pode ter consequências negativas para as relações bilaterais. O governo brasileiro já havia manifestado sua insatisfação com a postura americana, considerando-a uma tentativa de influenciar o sistema judiciário nacional.

A convocação de Escobar marca a segunda vez que um representante da embaixada dos EUA é chamado para prestar esclarecimentos. Em janeiro, ele foi convocado para discutir a deportação de brasileiros em condições inadequadas, um episódio que também gerou controvérsia. A atual situação reflete as tensões persistentes entre Brasil e EUA, exacerbadas por declarações públicas e posicionamentos políticos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil é um país soberano e que a defesa da democracia é responsabilidade dos brasileiros. Ele criticou a interferência externa, afirmando que "ninguém está acima da lei". A expectativa é que a reunião entre o Itamaraty e Escobar possa esclarecer as intenções da embaixada americana e minimizar as tensões diplomáticas.