Brasil enfrenta desafios e oportunidades sob a influência de Trump

A política global enfrenta tensões significativas com a ascensão de líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro, que desafiam normas estabelecidas e promovem agendas nacionalistas. Um ensaio recente discute como as iniciativas de Trump resultaram em transformações irreversíveis na ordem internacional, criando uma nova divisão geopolítica entre blocos liderados pelos EUA e China, além da possibilidade de um bloco europeu emergente.

As ações de Trump têm gerado uma divisão irreconciliável no cenário político. De um lado, coalizões de uma "direita sem medo" de se aliar à extrema direita; do outro, alianças entre setores da esquerda e da direita tradicional que não desejam essa aliança. A resposta dos progressistas às iniciativas de Trump tem sido limitada, muitas vezes se restringindo a torcer para que suas políticas "não funcionem". Essa postura revela uma falta de um programa alternativo e uma imagem de futuro a oferecer.

A última década foi marcada por um multilateralismo disfuncional e uma governança global em declínio. A elite progressista, ciente desses desequilíbrios, propôs uma "reforma concertada pelo alto" da ordem internacional. Contudo, a reeleição de Trump evidenciou que esse projeto é ilusório e inviável. O que se observa agora é uma nova ordem internacional, onde o poder militar, econômico e tecnológico se torna o critério principal para a divisão do poder global.

Reorganização Geopolítica

A reorganização em curso aponta para um neoimperialismo dividido em dois grandes blocos: um liderado pelos Estados Unidos e outro pela China. A Rússia, apesar de suas fricções com a China, deverá agir de forma coordenada com este país. Além disso, a União Europeia pode emergir como um terceiro bloco, especialmente após o recente acordo do Reino Unido com a UE, que sugere um alinhamento preferencial.

A França, com suas vantagens militares, não pode representar sozinha a União Europeia, que precisa de uma estratégia comum de defesa. Se a Europa alcançar esse objetivo, poderá atuar como um bloco tampão entre os dois grandes, ajudando a evitar conflitos mais amplos. Essa reconfiguração não se limita aos países do Conselho de Segurança da ONU, mas reflete mudanças estruturais que ocorreram nas últimas décadas, incluindo processos de descolonização e a desintegração do bloco soviético.

A nova ordem internacional, portanto, não é apenas uma questão de poder entre grandes nações, mas também envolve a responsabilidade de cada país em seu próprio destino. O papel de nações periféricas, como o Brasil, se torna crucial nesse novo cenário global.