Governistas garantem vitória inicial na defesa da soberania nas redes sociais

O anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou intensa repercussão nas redes sociais. A medida, divulgada na quarta-feira, provocou uma mobilização significativa de críticas por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados, que destacaram a soberania nacional.

Dados da Escola de Comunicação da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam que o debate nas redes sociais atingiu um pico às 20h de quarta-feira, com 159 mil postagens em um intervalo de 15 horas. A palavra "soberano" se destacou entre os termos mais utilizados, refletindo a estratégia do governo de se posicionar contra o protecionismo norte-americano. Lula, que teve 770 mil interações no Instagram, superou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que registrou apenas 240 mil interações ao criticar a situação com um versículo bíblico.

Mobilização nas Redes

A mobilização do PT nas redes sociais foi rápida e eficaz, com o partido reorganizando sua atuação para criticar Bolsonaro, que foi acusado de "taxar o Brasil". O ex-presidente, por sua vez, optou por um discurso mais sutil, utilizando uma citação bíblica para se manifestar. O economista e ex-BBB Gil do Vigor também se destacou com um vídeo crítico a Trump, que teve grande impacto nas interações.

A análise da FGV revelou que 54,5% das menções nas redes foram impulsionadas por perfis alinhados a Lula, enquanto 45,5% foram de opositores. O discurso governista buscou transferir a responsabilidade pela tarifa a Bolsonaro, enquanto a oposição tentava associar a medida a um isolamento diplomático da atual gestão.

Repercussão Internacional

O debate digital teve reflexos diretos na conta de Trump, que trancou os comentários em suas publicações no Instagram após ser alvo de críticas de brasileiros. O diretor da FGV, Marco Ruediger, afirmou que o episódio fortaleceu a narrativa da esquerda e trouxe parte do centro para a defesa da pauta nacional, evidenciando uma divisão na oposição.

O governo brasileiro tenta transformar a crise internacional em um ativo político, posicionando-se como defensor da soberania e da economia nacional. A situação atual revela um cenário de polarização nas redes sociais, com a esquerda ganhando espaço na narrativa em resposta às ações de Trump.