11 de jul 2025
Vigilantes confundem-se com gangues e intensificam crise de segurança no Haiti
Brigadas de autodefesa no Haiti ocupam espaços do governo e impõem regras, enquanto a violência e violações de direitos humanos aumentam.

Homens armados do grupo chamado Du Sang 9 protestam contra o governo pela falta de segurança na capital, Porto Príncipe (Foto: Jean Feguens Regala - 28.jun.25/Reuters)
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O Haiti enfrenta uma grave crise de segurança, intensificada após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. Com o colapso do Estado, gangues passaram a dominar 90% de Porto Príncipe, levando à formação de brigadas de autodefesa compostas por jovens.
Essas brigadas, criadas para combater a violência das gangues, estão ocupando espaços que deveriam ser do governo. Elas impõem suas próprias regras, cobrando pedágios e decidindo sobre a vida e a morte de cidadãos. O sociólogo Jean Casimir, da Universidade Estatal do Haiti, afirma que a ordem pública foi privatizada pelas gangues. A falta de um Estado funcional fez com que essas milícias ganhassem apoio de autoridades locais e da população, que se sente frustrada com a ineficácia do sistema judicial.
Relatórios da ONU indicam que, embora essas milícias atuem como mecanismos de segurança, elas violam direitos humanos fundamentais. Miroslav Jenča, secretário-geral assistente da ONU, destacou que essas ações alimentam ainda mais a violência no país. Em um cenário de crescente desespero, as brigadas de autodefesa, que inicialmente surgiram como uma resposta à insegurança, podem se transformar em novas gangues.
Além disso, a situação é complexa, pois as brigadas não são uma novidade no Haiti. Após a queda das ditaduras de François e Jean-Claude Duvalier, em 1986, houve episódios semelhantes de vigilância comunitária. O antropólogo Rodrigo Bulamah, especialista em Haiti, observa que as intervenções internacionais falharam em restaurar a segurança, contribuindo para o fortalecimento das gangues.
A atual realidade do Haiti, marcada pela ausência de um Estado forte, revela um ciclo de violência e insegurança que continua a se agravar, enquanto a população busca alternativas em um cenário de colapso institucional.
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