28 de jan 2025
Futebol feminino enfrenta dilema ético na Supercopa em país com discriminação de gênero
A Supercopa feminina pode ser realizada na Arábia Saudita, decisão da RFEF. Jogadoras enfrentam dilemas éticos sobre competir em país que discrimina mulheres. Questões legais sobre objeção de consciência podem surgir para as atletas. A RFEF ignora um processo judicial contra o ex presidente por corrupção. Direitos universais e recomendações da OIT sustentam a proteção das jogadoras.
"As jogadoras do Barcelona levantam o troféu da Supercopa feminina de futebol após derrotar o Real Madrid. (Foto: Mariscal/EFE)"
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O cenário laboral no esporte é marcado pela relação entre contrato e licença, onde o primeiro vincula o atleta a um clube e a segunda permite a participação em competições. Essa dinâmica é única, pois um contrato não garante, por si só, o exercício da profissão. No contexto da possível realização da Supercopa feminina de futebol na Arábia Saudita, é crucial entender que a escolha do local não é feita pelo clube, mas sim pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), que organiza a competição.
A questão central é se o clube, sob a imposição da RFEF, deve aceitar jogar em um país que apresenta discriminação contra as mulheres. Para as jogadoras, isso implica viajar e competir em um local que desrespeita abertamente a legislação espanhola, especificamente o artigo 14 da Constituição, que garante a igualdade. Assim, as atletas se veem diante de um dilema: obedecer à RFEF, que não é sua empregadora, ou recusar-se a participar, defendendo seus princípios e direitos.
Além disso, a decisão da RFEF ocorre em meio a um processo judicial em andamento contra o ex-presidente da entidade, por supostos crimes de corrupção e administração desleal, relacionados ao deslocamento da Supercopa masculina para a Arábia Saudita. As jogadoras precisam ser protegidas de imposições que as forcem a atuar em um ambiente que não respeita seus direitos como mulheres, em um país que não as considera em igualdade com os homens.
Do ponto de vista jurídico, as jogadoras teriam fundamentos para se opor a essa decisão, baseando-se no direito à objeção de consciência e na luta contra a desigualdade de gênero. Jurisprudências anteriores, como as decisões do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, reconhecem essa possibilidade. A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia e recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) também sustentam o direito de recusar tarefas que conflitem com convicções pessoais. A defesa dos direitos universais em democracias é essencial, e a situação atual exige uma análise cuidadosa das implicações éticas e legais para as atletas.
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