Alberto Fernández se torna réu por agressões contra ex-mulher e enfrenta pena de até 18 anos

A Justiça argentina tornou réu o ex-presidente Alberto Fernández em um processo que investiga agressões contra sua ex-mulher, Fabiola Yáñez. As acusações incluem lesões leves agravadas por violência de gênero, lesões graves duplamente agravadas por vínculo de poder, abuso de autoridade e ameaças. Caso seja condenado, Fernández pode enfrentar uma pena de três a dezoito anos de prisão. O juiz federal Julián Ercolini também bloqueou 10 milhões de pesos argentinos (aproximadamente R$ 54 mil) de seus bens e impôs restrições, como a proibição de deixar o país sem aviso prévio.

A denúncia surgiu durante uma investigação sobre corrupção na gestão de Fernández. Durante a análise do celular de María Cantero, ex-secretária de Yáñez, foram encontradas imagens da ex-primeira-dama com hematomas. Apesar de hesitar em denunciar o ex-marido, Yáñez formalizou a acusação após ser contatada pela Justiça. Segundo ela, os episódios de violência começaram antes de Fernández assumir a presidência, em 2019, e o casal esteve junto de 2014 a 2024.

O juiz Ercolini apontou que Fernández teria exercido violência física e psicológica ao longo do relacionamento, mesmo que tenha sido denunciado por apenas dois episódios específicos. Ele descreveu um padrão de assédio, controle, indiferença e hostilidade, destacando que o ex-presidente usava a dependência financeira como forma de manipulação. Fernández nega as acusações, alegando que Yáñez forjou as conversas encontradas no celular de sua ex-secretária.

O ex-presidente questionou por que Yáñez não pediu ajuda antes, mas o juiz rejeitou essa alegação, afirmando que o histórico de agressões afetou a determinação dela para denunciar. Fernández ainda alegou que a ex-mulher se tornava violenta ao consumir álcool e que ele apenas tentava se defender, mas o juiz considerou essa justificativa uma tentativa de descredibilizar Yáñez, ressaltando que há evidências suficientes para prosseguir com o caso.