28 de mar 2025
Relator da ONU chega ao Brasil para investigar crimes da Ditadura Militar
Bernard Duhaime, relator da ONU, chega ao Brasil em 30 de abril para investigar violações de direitos humanos da Ditadura Militar. Relatório será divulgado em 7 de abril.
O Relator Especial da ONU sobre a promoção da verdade, justiça, reparação e garantias de não repetição, Bernard Duhaime. (Foto: Albin Lohr-Jones/Pacific Press/LightRocket/Getty Images)
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O relator especial da ONU sobre promoção da verdade, justiça, reparação e garantias de não repetição, Bernard Duhaime, visitará o Brasil a partir do próximo domingo, 30 de março de 2024. O objetivo da visita é avaliar as ações das autoridades brasileiras em relação às violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura Militar (1964-1985). Duhaime se reunirá com representantes do governo, organizações civis, vítimas e acadêmicos em Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Professor de Direito Internacional na Universidade de Quebec, Duhaime é uma referência em direito humanitário e direitos humanos. Ele também é pesquisador na Academia de Genebra e membro de conselhos de instituições como o Centro de Direitos Humanos e Pluralismo Jurídico da Universidade McGill. Entre 2014 e 2021, foi parte do grupo de trabalho da ONU sobre desaparecimentos forçados. O relatório resultante da visita será divulgado em 7 de abril durante uma coletiva no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, e posteriormente apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro.
A Ditadura Militar no Brasil foi marcada por repressão severa a opositores, incluindo jornalistas, acadêmicos e sindicalistas. Um levantamento da Human Rights Watch indicou que pelo menos 20 mil pessoas foram torturadas e 434 foram mortas ou desapareceram durante o regime. A ONG destacou que a responsabilização criminal dos responsáveis pelas atrocidades é dificultada pela interpretação de uma lei de 1979, que concede anistia a "crimes políticos", abrangendo também violações de direitos humanos cometidas por agentes estatais.
A interpretação da lei de anistia tem gerado controvérsias, pois permitiu a libertação de muitos presos políticos e o retorno de exilados, conforme apontado pelo relatório da Comissão da Verdade de 2014. As cortes brasileiras, segundo a ONG, ampliaram a anistia para incluir violações de direitos humanos, o que impede a responsabilização dos culpados. A visita de Duhaime representa um passo importante na busca por justiça e reparação para as vítimas desse período sombrio da história brasileira.
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