11 de mai 2025

Rubem Fonseca pede demissão do Ipês dias após golpe militar de 1964
Documentos revelam que Rubem Fonseca pediu demissão do Ipês logo após o golpe de 1964, desafiando sua narrativa anterior sobre a organização.
Foto:Reprodução
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Documentos revelam pedido de demissão de Rubem Fonseca do Ipês após golpe de 1964
Um documento inédito encontrado no acervo de Rubem Fonseca indica que o escritor pediu demissão do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipês) em 9 de abril de 1964, poucos dias após o golpe militar. A carta, que foi acessada pela Folha, contradiz a ideia de que ele permaneceu ativo na organização que apoiou a derrubada do governo de João Goulart.
Na missiva, Fonseca, que na época era executivo da Light, solicita sua saída da Comissão Executiva do Ipês, citando "razões particulares". Ele também defende que a entidade continue a se dedicar a uma agenda de "reformas de base". O documento foi encontrado pela filha do autor, Bia Corrêa do Lago, em 2020, após sua morte.
Controvérsias sobre a participação de Fonseca
A carta de demissão adiciona um novo elemento à controvérsia sobre a participação de Fonseca no Ipês. Em declarações anteriores, ele afirmou ter integrado uma ala democrática da organização e que se afastou após o golpe. No entanto, historiadores contestam essa versão, apontando que o Ipês teve um papel crucial na articulação do golpe.
A historiadora Heloísa Starling, que estudou o Ipês, afirma que a organização era um "braço empresarial do golpe" e que não havia uma ala democrática. Ela sugere que muitos, como Fonseca, podem ter se arrependido de sua participação. Bia Corrêa do Lago, por sua vez, defende que seu pai se afastou das atividades diárias do Ipês, embora tenha permanecido formalmente ligado à entidade por ser executivo da Light.
Documentos contraditórios e novas pesquisas
Pesquisas anteriores já haviam revelado que Fonseca coordenou o núcleo editorial do Ipês. No entanto, a carta de demissão e outros documentos encontrados no acervo do autor parecem contradizer essa narrativa. Em 1968, uma carta do presidente do Ipês, Haroldo Poland, comunica a Fonseca sua recondução ao Conselho Orientador da entidade.
Bia Corrêa do Lago está atualmente trabalhando em uma fotobiografia do pai, que celebrará seu centenário. Ela acredita que os documentos encontrados oferecem uma visão mais abrangente sobre as posições políticas de Fonseca, que, segundo ela, sempre teve credenciais democráticas.
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