Polícia Federal realiza buscas após afastamento de juiz por venda de sentenças

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (29) a oitava fase da Operação Sisamnes, que investiga vazamentos e venda de decisões no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação visa aprofundar as investigações sobre corrupção judiciária e lavagem de dinheiro. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e determinado o afastamento do juiz Ivan Lúcio Amarante.

Amarante já estava afastado desde outubro de 2022 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) devido a suspeitas de venda de sentenças. A operação também resultou no sequestro de bens avaliados em R$ 30 milhões e na retenção de passaportes dos envolvidos para evitar fugas. A defesa do magistrado ainda não se manifestou sobre o caso.

As investigações revelaram um esquema de lavagem de dinheiro que dissimulava pagamentos de propinas em troca de decisões judiciais. O ponto de partida foi a análise do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023. Conversas encontradas no aparelho indicam ligações com desembargadores e um lobista que intermediava negociações com servidores do STJ.

Organização Criminosa

Durante as apurações, a PF identificou uma organização criminosa conhecida como "Comando C4", composta por militares e civis. Este grupo estaria envolvido em crimes graves, incluindo espionagem e homicídios sob encomenda, como o do advogado Zampieri. A operação anterior resultou na prisão de cinco suspeitos ligados a esse assassinato.

Os desembargadores Sebastião de Moraes e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, também são alvos da operação e estão afastados com tornozeleiras eletrônicas. A PF já havia investigado operações imobiliárias suspeitas e uma rede clandestina que vazava informações sigilosas sobre o STJ. A operação Sisamnes, que faz referência a um juiz da mitologia persa que aceitou suborno, continua a desdobrar-se com novas investigações e prisões.