Cardeal Aloísio Lorscheider poderia ter sido papa, afirma cardiologista que o acompanhou

Fernando Lucchese, cardiologista que acompanhou Dom Aloísio Lorscheider, revelou que o cardeal tinha condições físicas para assumir o papado por quase três décadas. Lorscheider foi eleito no conclave de 1978, mas recusou o cargo devido a problemas de saúde e ao temor de um papado breve. João Paulo II foi escolhido em seu lugar.

Lucchese destacou que a saúde de Lorscheider só se deteriorou significativamente no último ano de vida. Ele enfrentou insuficiência cardíaca e faleceu aos 83 anos, em 23 de dezembro de 2007, em Porto Alegre. O médico afirmou que, apesar de ter um marcapasso e oito pontes de safena, Lorscheider poderia ter exercido o papado por muitos anos.

Impacto da Morte de João Paulo I

O cardiologista também comentou sobre o impacto da morte de João Paulo I, que faleceu após apenas 33 dias de pontificado. Lucchese acredita que esse evento pode ter influenciado a decisão de Lorscheider em recusar o cargo. "Ele não sentiu coragem de ir", afirmou.

Lorscheider confirmou a história de sua rejeição ao papado em conversas com Lucchese, que recordou um momento em que o cardeal riu ao mencionar a pressão que um papa enfrenta. Além disso, o médico mencionou que Dom Vicente Scherer, outro cardeal brasileiro, teria revelado detalhes sobre a quase eleição de Lorscheider em conversas informais.

Legado de Lorscheider

Nascido em Estrela, no Rio Grande do Sul, Lorscheider foi arcebispo de Fortaleza e de Aparecida, além de presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Ele foi nomeado cardeal pelo papa Paulo VI em 1976. Lucchese acredita que Lorscheider teria sido um pontífice "absolutamente inovador e carinhoso", destacando sua simplicidade e simpatia.