Davi: o rei que une grandeza e contradições em sua trajetória divina e humana

Rei Davi: entre a fé, o poder e as contradições

O Salmo 23, atribuído ao rei Davi, é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. A tradição o associa a um homem amado por Deus, mas a figura de Davi é complexa e repleta de nuances. Um filósofo poderia dizer que o rei personificava o imperativo categórico kantiano de jamais mentir, dada sua sinceridade diante do divino.

A relação de Davi com a divindade

Davi jamais disfarçava suas emoções, desejos e desesperos diante de Deus. Essa sinceridade, para além da onisciência divina, significava a honestidade consigo mesmo. O personagem Davi é apresentado como um poeta e místico que encantava com sua harpa e canto, revelando em seus salmos as facetas de uma alma a mercê do criador.

Um rei entre o sagrado e o profano

A vida de Davi é descrita como “uma representação intricada de grandeza e loucura humana”. O rei, que viveu cerca de 1.000 anos antes de Cristo, teve nove esposas e diversas concubinas, repetindo um padrão comum na realeza do Oriente Médio da época.

O poder das esposas na corte

As esposas dos reis em Israel, assim como em outros reinos da região, não eram meros objetos sexuais. Elas detinham grande poder político, emanado de sua posição na hierarquia palaciana e da soberania conjunta com o rei. Conselheiras dos reis, exerciam influência no ordenamento do estado monárquico.

Michal e Bate-Seba: as esposas mais famosas

Entre as esposas de Davi, destacam-se Michal, filha do rei Saul, e Bate-Seba, esposa do general Urias. Davi se apaixonou por Bate-Seba ao vê-la tomando banho e a tomou como sua rainha, após um ato de adultério. O predileto de Deus, como era conhecido, demonstrava paixões e fraquezas humanas.