Bebês reborn auxiliam no tratamento de pacientes com Alzheimer

Famílias e cuidadores têm adotado bonecas reborns, réplicas hiper-realistas de bebês, como ferramenta terapêutica para pacientes com Alzheimer. A demanda por esses brinquedos cresceu, com 20% das vendas destinadas a esse público, refletindo um aumento significativo no setor.

A administradora Lidiane Saburi de Oliveira, 45 anos, presenteou sua tia-avó, Lais Saburri Alves, 89, com uma boneca após recomendação médica. "Ela recebeu o diagnóstico há um ano, mas já apresentava sinais antes. A boneca trouxe alegria a ela", afirma Oliveira. A terapeuta ocupacional Carla da Silva Santana, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, destaca que o apego a objetos é uma necessidade psicológica em pacientes com demência. "Uma boneca pode facilitar a terapia de validação e reminiscências", explica.

Entretanto, o alto custo das bonecas, que pode chegar a R$ 5.000, é uma barreira para muitos. Santana ressalta que, embora o uso de bonecas não seja uma novidade, o hiper-realismo traz novos desafios éticos. "É fundamental tratar todos os adultos como adultos, evitando a infantilização", alerta. A interação deve ser usada para explorar memórias e conversas sobre cuidados, respeitando o estágio da doença.

Na Baby Maternidade Reborn, em Ribeirão Preto, uma em cada cinco bonecas vendidas é destinada a pacientes com Alzheimer. Isabelita Brilhante, proprietária da rede, afirma que a procura aumentou 70% no último ano. "Os clientes buscam bonecas cada vez mais realistas, para que a experiência seja a mais próxima possível da realidade", diz. O crescimento do setor é impulsionado por um debate crescente sobre o uso dessas bonecas na terapia.