Indústria de bebidas se adapta à crescente demanda por opções sem álcool

As amigas Natália Gouveia, 28, e Giovanna Nascimento, 30, se reencontraram após quase uma década, decidindo se encontrar em um bar em São Paulo. No entanto, ao contrário do passado, quando costumavam beber cerveja, hoje optam por um estilo de vida sem álcool. Essa mudança reflete uma tendência crescente no Brasil, onde 53% dos consumidores de bebidas alcoólicas reduziram a ingestão nos últimos anos, segundo pesquisa da Datafolha.

O cenário é notável em um país que é um dos maiores produtores de cerveja do mundo. As empresas do setor estão se adaptando a essa nova realidade. Carla Crippa, vice-presidente da Ambev, destaca que o consumo responsável está em alta, alinhando-se à estratégia da empresa de promover a moderação. A Ambev investiu mais de R$ 1,4 bilhão na última década em iniciativas que incentivam o consumo consciente.

Mudança de Comportamento

O conceito de "sober curious", que promove a curiosidade pela sobriedade, tem ganhado força, especialmente durante a pandemia. Mauro Homem, vice-presidente da Heineken, observa que há uma crescente alternância entre bebidas alcoólicas e não alcoólicas, dependendo da ocasião. O mercado de cervejas sem álcool está em expansão, com previsão de crescimento de 849% até 2025, segundo a consultoria Euromonitor International.

Os bares também estão se adaptando a essa nova demanda. O chef Martin Casilli, do Sky Hall Garden Bar, relata que a nova geração prefere opções mais leves e menos alcoólicas. O estabelecimento introduziu uma linha de coquetéis sem álcool, os mocktails, que têm sido bem recebidos pelos clientes, especialmente durante o almoço e início da noite.

Perspectivas do Setor

O presidente do Sindicado Nacional da Cerveja, Márcio Maciel, confirma que as cervejas sem álcool estão ganhando relevância, embora ainda representem uma fração do mercado. Ele ressalta que as indústrias estão investindo em inovação e mensagens de consumo responsável, acompanhando a busca dos consumidores por estilos de vida mais equilibrados.

À medida que o setor se adapta, os consumidores continuam a moldar o mercado com suas novas prioridades. O bar do futuro pode se tornar um espaço de encontro, onde a saúde física e mental são priorizadas, refletindo uma mudança significativa nos hábitos de consumo.