Estudo revela que causas do burnout podem ir além do ambiente de trabalho

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o burnout como uma síndrome resultante do estresse crônico no trabalho, caracterizada por exaustão, negativismo e diminuição da eficácia profissional. O conceito, introduzido por Herbert Freudenberger na década de 1970, tem ganhado nova luz com um estudo da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU).

A pesquisa, que envolveu 813 funcionários noruegueses, revelou que apenas 27,7% dos indivíduos com sintomas de burnout atribuem suas condições ao trabalho. Esse dado sugere que fatores pessoais também desempenham um papel significativo no desenvolvimento da síndrome. Os pesquisadores destacam que a concepção tradicional do burnout como um fenômeno exclusivamente ocupacional pode estar equivocada.

Fatores Pessoais e Apoio Social

O psicólogo Renzo Bianchi, responsável pelo estudo, enfatiza que muitos que sofrem de burnout enfrentam estresse em suas vidas diárias, o que pode levar a uma forma de depressão. Ele observa que pessoas com personalidades mais ansiosas tendem a se sentir mais esgotadas, independentemente do ambiente de trabalho. Para Bianchi, é crucial investigar mais sobre o impacto da personalidade no burnout.

Os resultados também indicam que o apoio social, a segurança no trabalho e a autodeterminação são fatores que podem prevenir o esgotamento. Aqueles que se sentem apoiados por colegas e têm um ambiente de trabalho justo são menos propensos a relatar sintomas de burnout. A falta de justiça no local de trabalho é apontada como um grande fator de estresse, enfatizando a importância de promover um ambiente onde a competência seja reconhecida.

Implicações para a Saúde Mental

Os pesquisadores alertam que a suposição de que todos os sintomas de burnout são causados pelo trabalho pode dificultar a abordagem adequada para mitigar esses sintomas. A OMS já lista diversos fatores que podem afetar a saúde mental no ambiente profissional, e a discussão sobre justiça no trabalho deve ser ampliada.

A pesquisa da NTNU traz à tona a necessidade de uma compreensão mais ampla do burnout, considerando tanto os fatores pessoais quanto os profissionais. O estudo foi publicado na revista Journal of Psychosomatic Research e destaca a complexidade da saúde mental no trabalho, sugerindo que a solução para o burnout pode exigir uma abordagem multifacetada.