Saúde

O ano da corrida: a transformação do esporte no Brasil

Um olhar sobre o crescimento da prática, seus impactos na saúde mental e a consolidação como fenômeno social.

Foto : Reprodução / Creative Commons

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Há alguns anos, correr era visto como uma atividade para atletas profissionais, maratonistas dedicados ou, no máximo, para quem queria queimar calorias de forma rápida. Mas em 2025, a corrida de rua se tornou muito maior do que um exercício físico: ela virou uma estética, um movimento e um novo símbolo de status nas redes sociais.

Em todas as grandes cidades do Brasil, a cena se repete: parques cheios, inscrições que se esgotam em questão de horas para provas de rua e feeds de Instagram recheados de fotos com medalhas, relógios de GPS, tênis modernos e distâncias percorridas. A corrida entrou na moda, e pelo jeito que as coisas andam, não parece que vai sair tão cedo.

O boom das provas de rua

Os números revelam que essa febre é mais do que uma impressão. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Corridas de Rua, o número de inscritos em eventos de corrida no Brasil cresceu impressionantes 35% entre 2023 e 2025. Para se ter uma ideia da dimensão do fenômeno, a tradicional São Silvestre, em São Paulo, bateu recorde de participantes no último ano, com mais de 37 mil corredores nas ruas da capital paulista na virada do ano.

A história se repete país afora. A Meia Maratona do Rio de Janeiro também viu um salto que deixou até os organizadores surpresos: de 17 mil inscritos em 2022 para mais de 25 mil em 2025.

Mas talvez o que mais chame atenção não sejam os números em si, mas o que acontece depois da linha de chegada. Se antes o pós-corrida terminava com um alongamento discreto e uma garrafinha d'água, agora ele termina com uma verdadeira sessão de fotos profissional. A corrida virou um fenômeno de engajamento nas redes sociais, onde o importante não é apenas ter corrido, mas ter provado que correu.

No Instagram, os "looks do dia" agora incluem  todo item “necessário para uma boa corrida”, modelos caros e tecnológicos que se tornaram objetos de desejo e, por que não dizer, de ostentação.

De acordo com dados do Google Trends, as buscas por termos relacionados à corrida como "como começar a correr", "planilha de treino corrida" e "melhor tênis para corrida", cresceram significativamente entre 2023 e 2025, reforçando o aumento genuíno do interesse pelo esporte no Brasil. O que antes era curiosidade esporádica, virou pesquisa séria.

Saúde mental

Mas seria injusto reduzir esse movimento apenas à vaidade ou ao desejo de aparecer nas redes sociais. Se o físico continua sendo um motivador importante, afinal, quem não quer ter pernas definidas e resistência física? Mente e saúde também viraram foco central dessa nova moda.

A corrida passou a ser associada diretamente ao cuidado com a saúde mental, numa época em que ansiedade e depressão se tornaram palavras do cotidiano de milhões de brasileiros. Pesquisas recentes, como um relatório da Universidade de Harvard publicado em 2024, apontam que a prática regular de corrida pode reduzir sintomas de ansiedade e depressão em até 30%, números que fazem qualquer psicólogo parar para prestar atenção.

E as pessoas estão prestando atenção mesmo. Influenciadores da área fitness, psicólogos e até criadores de conteúdo que nunca foram "atletas" no sentido tradicional da palavra agora falam abertamente sobre como correr virou uma válvula de escape essencial para o estresse do dia a dia.

Corrida virou status?

Por trás de toda essa movimentação esportiva e terapêutica, existe também uma mudança sutil, mas significativa, na forma como as pessoas querem ser vistas socialmente. Postar tudo o que envolve o treino se tornou uma maneira sofisticada de sinalizar disciplina, superação e bem-estar.

É diferente de ostentar um carro caro ou uma bolsa de grife. A corrida transmite uma mensagem mais sutil, porém extremamente poderosa: "Eu me cuido, tenho disciplina, não perco o foco".

O futuro

O que começou como uma tendência fitness se consolidou como um fenômeno cultural que mistura saúde, status e comunidade. Resta saber se esse movimento vai manter o ritmo acelerado ou se, como outras modas, vai encontrar seu ponto de equilíbrio.

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