Ócio melhora a saúde mental e aumenta a produtividade no trabalho, revela estudo

Momentos de ócio são essenciais para a saúde mental e criatividade, segundo especialistas. Pesquisas recentes demonstram que o cérebro permanece ativo durante períodos de descanso, facilitando a criatividade e a eficiência cognitiva. Um estudo do Instituto Médico Howard Hughes revela que, mesmo sem tarefas específicas, os neurônios do córtex visual processam informações, preparando o cérebro para momentos que exigem atenção.

O conceito de "ócio criativo", introduzido pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, destaca a importância do tempo livre para reflexão e desenvolvimento pessoal. Para Matheus Karounis, mestre em Psicologia Clínica, o ócio não é improdutivo, mas fundamental para recarregar energias e melhorar o desempenho no trabalho.

Pesquisas da Universidade da Califórnia indicam que 20% das ideias mais significativas de físicos e escritores surgem durante momentos de "divagação mental". Além disso, um estudo da Universidade Estadual de Michigan mostra que cientistas ganhadores do Prêmio Nobel se envolvem mais em atividades criativas, como arte e música.

O papel do ócio na neurociência

A rede de modo padrão (DNM) do cérebro, ativada durante o ócio, facilita a integração emocional e a criatividade. Julio Peres, psicólogo clínico, explica que essa rede permite conexões inesperadas entre memórias e ideias, funcionando como um terreno fértil para a criatividade. Um estudo publicado na revista BRAIN confirma que a DNM é crucial para a resolução de problemas.

Além disso, um experimento do Instituto de Tecnologia da Geórgia revelou que pessoas que "sonham acordado" frequentemente têm melhor desempenho em testes de capacidade intelectual. A pesquisa sugere que a divagação mental pode ser um sinal de eficiência cerebral, desafiando a ideia de que a concentração constante é necessária para o sucesso.

Desafios do ócio na sociedade atual

Apesar dos benefícios, a prática do ócio enfrenta resistência. Um estudo publicado na revista Science mostrou que muitos preferem choques elétricos a momentos de solidão com seus pensamentos. A pressão por produtividade leva as pessoas a buscarem constantemente ocupações, mesmo em momentos de lazer.

A psicóloga Anne Crunfli destaca que a produtividade tóxica impede que as pessoas simplesmente sejam. O ócio, portanto, é visto como uma necessidade biológica para o bem-estar e o desempenho cognitivo. Maico Costa, coordenador do Centro de Humanização da USP, ressalta que o ócio permite um encontro íntimo consigo mesmo, essencial para evitar o burnout e a ansiedade.