Dengue avança em 2024 com mais de 6,5 milhões de casos e falta de vacinas disponíveis

O ano de 2024 foi marcado por um aumento alarmante de casos e mortes por dengue no Brasil, com mais de 6,5 milhões de registros e 6.041 óbitos. Este número supera os casos de covid-19, que contabilizou 862.680 ocorrências e 5.959 mortes. A comparação revela um crescimento de 400% nas vítimas em relação a 2023, levando a um alerta sobre a possibilidade de um novo surto em 2025. Nas duas primeiras semanas de janeiro de 2025, foram registrados 52.000 casos prováveis e quatro mortes, um número inferior ao mesmo período do ano anterior, mas ainda preocupante.

Os especialistas apontam que as condições climáticas, como as chuvas e o calor intenso do fenômeno El Niño, juntamente com a negligência nas políticas de saúde pública, criam um ambiente propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Além disso, a circulação da variante DENV3, que não era predominante há mais de dezessete anos, aumenta a vulnerabilidade da população, especialmente entre crianças e adolescentes, que não têm imunidade contra essa cepa. A secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, expressou preocupação com o aumento potencial de casos.

A vacinação é um ponto crítico na luta contra a dengue. Em 2024, foram distribuídas 6,4 milhões de doses da vacina, mas apenas 3,7 milhões foram aplicadas. A falta de campanhas informativas e a baixa adesão à segunda dose contribuíram para essa situação. Atualmente, apenas a vacina Qdenga está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto a Dengvaxia é restrita a pacientes com histórico de infecção. As clínicas privadas oferecem vacinas a preços que variam de R$ 300 a mais de R$ 500.

O governo federal anunciou a criação do Centro de Operações de Emergências para coordenar ações contra a dengue, com foco em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2025, estima-se que haverá vacinas suficientes para apenas 4,7 milhões de pessoas, enquanto a meta é imunizar 80% da população. Uma esperança surge com a aprovação de uma nova vacina pelo Instituto Butantan, que promete proteção contra todos os sorotipos com apenas uma dose. A situação exige atenção e ação imediata para evitar um agravamento da epidemia.