24 de jan 2025
Expectativa de vida em Gaza reduzida pela metade após um ano de guerra, revela estudo
Expectativa de vida na Faixa de Gaza caiu de 75,5 anos para 36 44 anos. Mais de 45 mil palestinos morreram até dezembro de 2023, segundo dados oficiais. OMS registrou mais de 600 ataques a instalações de saúde, agravando a crise. Reconstrução do sistema de saúde exigirá mais de 10 bilhões de dólares em sete anos. Recuperação da expectativa de vida depende de cessar fogo e ajuda humanitária.
Campo de refugiados em Bureij, na zona central da Faixa de Gaza (17/01/2025) (Foto: Eyad Baba/AFP)
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Desde o início da Guerra Israel-Hamas, a situação na Faixa de Gaza se agravou, resultando em relatos de sofrimento intenso. Um estudo publicado pelo periódico The Lancet revela que a expectativa de vida na região caiu drasticamente, de 75,5 anos para entre 36 e 44 anos entre outubro de 2023 e setembro de 2024. A pesquisa, conduzida por Marina Sujkowski Lima, da Universidade de São Paulo (USP), destaca que essa redução de 51,6% para homens e 38,6% para mulheres é uma consequência direta da crise humanitária prolongada.
Os dados utilizados para a análise foram coletados de registros do Ministério da Saúde de Gaza e da UNRWA. Os autores do estudo afirmam que essa é uma estimativa conservadora, pois não considera as mortes indiretas resultantes do conflito. A principal causa da queda na expectativa de vida são os óbitos diretos provocados pela guerra, com mais de 45 mil palestinos mortos até dezembro de 2023, segundo o Ministério da Saúde local. Os ataques em 2023 foram os mais letais para civis na região, conforme dados do Conselho de Segurança da ONU.
Além das mortes diretas, as consequências indiretas do conflito têm exacerbado a situação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou mais de 600 ataques a instalações de saúde na Palestina, comprometendo a capacidade de resposta do sistema. Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, mais de 1 mil profissionais de saúde perderam a vida, e 86% da população enfrenta insegurança alimentar, com o retorno de doenças previamente controladas, como a poliomielite.
A reconstrução do sistema de saúde em Gaza exigirá um investimento de mais de 10 bilhões de dólares ao longo de sete anos, segundo a OMS. Para que a expectativa de vida volte a crescer, será necessário um conjunto de fatores, incluindo a recuperação rápida do sistema de saúde e um cessar-fogo efetivo. O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves aponta que, se essas condições forem atendidas, a expectativa de vida pode se recuperar até 2026 ou 2027. No entanto, especialistas como Lima alertam que a melhora nos indicadores de saúde pode levar tempo, dependendo da estabilidade futura na região.
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