Bebês descalços: como essa prática estimula o desenvolvimento cognitivo e sensorial

Um dos mitos mais comuns sobre resfriados em bebês e crianças é a crença de que andar descalço causa resfriados. Pepe Serrano, secretário geral da Sociedade Catalana de Pediatria, esclarece que “os menores se constipam ao entrar em contato com um vírus”. Apesar da insistência dos pediatras em desmentir essa ideia, muitos pais ainda cobrem os pés dos filhos com meias e sapatos. No entanto, a ciência recomenda que os bebês não andantes e crianças até três anos permaneçam descalços, pois isso favorece o desenvolvimento cognitivo.

Um estudo de Isabel Gentil García, publicado na Revista Internacional de Ciências Podológicas, aponta que “manipular os próprios pés proporciona experiências sobre os limites do corpo”. A neuropediatra Itxaso Marti Carrera complementa que os bebês aprendem através da exploração, tocando e interagindo com o ambiente. Os pés, com seus dezenove músculos, são órgãos sensoriais que transmitem informações sobre temperatura e dor, essenciais para o desenvolvimento motor e cognitivo.

Gentil García enfatiza que o contato dos pés com superfícies irregulares estimula a propriocepção, fundamental para o desenvolvimento muscular e postural. Serrano reforça que os bebês devem estar descalços para que a musculatura e os tendões aprendam a equilibrar-se individualmente, sem a limitação dos sapatos. Ele sugere que, até que comecem a andar bem, os bebês devem usar apenas meias antiderrapantes para evitar o frio.

Embora haja uma crença de que andar descalço possa aumentar a inteligência das crianças, Marti Carrera alerta que não existem estudos científicos robustos que comprovem essa relação. No entanto, há pesquisas que indicam que alunos descalços em ambientes escolares apresentam melhor comportamento e desempenho acadêmico. O especialista em inovação educacional Stephen Heppell observa que essa prática resulta em “melhor aprendizado, melhor comportamento e menos estresse”.