Praia do Futuro é reconhecida como a maior maresia do mundo em Fortaleza

A Praia do Futuro, em Fortaleza, é reconhecida como a maior maresia do mundo, resultado da intensa incidência de ventos na área. A maresia, uma névoa úmida composta por sais, se forma pela arrebentação das ondas e é transportada pelo vento, causando corrosão em estruturas, veículos e eletrônicos. Moradores e empresários enfrentam prejuízos significativos, como exemplificado por Samuel de Castro Santiago, que gasta cerca de R$ 6 mil a cada seis meses em manutenções devido aos danos causados pela maresia.

Uma pesquisa de 2018, liderada pelo professor Eduardo Cabral da Universidade Federal do Ceará (UFC), confirmou que a Praia do Futuro apresenta a maior agressividade ambiental em relação à maresia, superando outras cidades brasileiras e internacionais. O estudo utilizou o método da vela úmida para medir a presença de íons cloro no ar, revelando que a concentração na Praia do Futuro é mais que o dobro da registrada em São Francisco do Sul (SC) e 87,34% mais agressiva que a Nigéria, a segunda colocada no ranking.

Os efeitos da maresia são visíveis no cotidiano dos moradores. Marcos Moura, proprietário de uma oficina mecânica, relata que suas ferramentas enferrujam em três a seis meses. A psicóloga Rosita Vidal também enfrenta problemas, com seu carro apresentando ferrugem em menos de seis meses e sua TV com falhas. O professor Pedro Lima explica que a maresia provoca um processo eletroquímico de corrosão, onde a solução salina depositada em superfícies metálicas facilita reações que resultam em oxidação.

Para mitigar os danos, especialistas recomendam boas práticas de limpeza e o uso de materiais mais resistentes, como alumínio anodizado e aço inoxidável, embora este último seja caro. Sugestões incluem limpeza frequente com pano úmido e detergente neutro, aplicação de vaselina líquida em eletrodomésticos e uso de capas protetoras. Apesar dos desafios, moradores como Tati Cintra e Yahaná Araujo valorizam a vista e a atmosfera da Praia do Futuro, adaptando-se aos efeitos da maresia e buscando maneiras de preservar seus bens.