10 de fev 2025
Caminhos sombrios: a luta de cantoras britânicas contra a saúde mental e a pressão da fama
Lily Allen, aos 39 anos, anunciou pausa em seu podcast por problemas mentais. A cantora enfrenta ataques de pânico e pressão da fama, afetando sua vida social. Discussões sobre saúde mental de artistas femininas ganham destaque na indústria. Dados alarmantes revelam que 71,1% dos músicos enfrentam ansiedade e depressão. Violência de gênero e assédio são comuns, com 60% das mulheres relatando abusos.
L-R: Duffy, Amy Winehouse, Florence Welch e Lily Allen. (Foto: Getty Images / Pepa Ortiz)
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No início de 2024, a cantora e atriz Lily Allen, de 39 anos, anunciou uma pausa em seu podcast de sucesso Miss Me?, que co-apresenta com Miquita Oliver, devido a dificuldades de saúde mental. Em um episódio recente, Allen compartilhou: “Estou tendo dificuldades para me interessar por qualquer coisa. Não estou em um bom lugar.” Ela revelou que ataques de pânico a levaram a cancelar compromissos sociais e discutiu a pressão da mídia e das redes sociais, especialmente em relação a problemas conjugais e suas lutas com álcool e drogas. Essa não é a primeira vez que a artista opta por um hiato, refletindo sua longa história de desafios com dependência e saúde mental.
Apesar das dificuldades, Allen é uma das artistas pop britânicas mais bem-sucedidas deste século, tendo alcançado o topo das paradas com a canção Smile em 2006. Desde então, lançou quatro álbuns até 2018, mas enfrenta dificuldades para retornar à música, mesmo após promessas de novos projetos. Sua trajetória é frequentemente vista como um caso individual, mas se conecta a uma realidade mais ampla, onde muitas artistas femininas, como Amy Winehouse, também enfrentaram desafios semelhantes. Em 2009, quando Allen lançou seu segundo álbum, It’s Not Me, It’s You, ela foi considerada uma das pioneiras de uma nova onda de cantoras solo que redefiniram o pop britânico.
A psicóloga Rosana Corbacho observa que, atualmente, os jovens artistas estão mais conscientes da importância da saúde mental. “Há um movimento que incentiva o autocuidado e estilos de vida mais saudáveis,” afirma. No entanto, a pressão sobre as mulheres na indústria da música é intensa, com expectativas sobre aparência e juventude que afetam sua saúde mental. Jessie J, por exemplo, revelou que a maternidade intensificou suas lutas com transtornos obsessivo-compulsivos e ADHD. Allen, por sua vez, admitiu ter se tornado dependente de Adderall durante uma turnê, em parte devido à comparação com a imagem hipersexualizada de Miley Cyrus.
A situação de Duffy, que revelou ter sido sequestrada e agredida, exemplifica a violência de gênero na indústria musical. Um estudo de 2024 revelou que três em cada cinco mulheres na música relataram ter sofrido assédio sexual. A cultura do silêncio persiste, com muitos casos não sendo reportados por medo de retaliação. Tamsin Embleton, psicoterapeuta, destaca que a fama pode aumentar o risco de assédio e violência, enquanto Corbacho aponta que a dinâmica de poder na indústria pode perpetuar traumas. As experiências de Allen e suas colegas refletem uma realidade complexa, onde a busca por sucesso muitas vezes vem acompanhada de desafios emocionais profundos.
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