Casamento entre primos gera debate sobre riscos à saúde dos filhos em Bradford

Em uma casa geminada em Bradford, na Inglaterra, três irmãs se preparam para um casamento familiar, enquanto uma esteticista cuida de seus cabelos e maquiagens. A conversa entre elas, repleta de risadas, gira em torno do matrimônio, que envolve primos em primeiro grau, uma prática comum na comunidade paquistanesa local. Ayesha, a irmã mais velha, casou-se com seu primo em 2017 e relata um casamento feliz, enquanto Salina, a mais jovem, optou por um parceiro fora da família, desafiando as expectativas. Mallika, a irmã do meio, decidiu não seguir o mesmo caminho e acredita que a educação mudou a mentalidade sobre casamentos.

Entretanto, o casamento entre primos levanta preocupações de saúde. Um estudo da Universidade de Bradford, que acompanha mais de 13 mil crianças, revela que filhos de primos em primeiro grau têm maior probabilidade de enfrentar problemas de saúde. Os dados indicam que esses filhos têm 6% de chance de herdar transtornos recessivos, comparado a 3% da população geral. Além disso, eles apresentam mais consultas médicas e menores índices de desenvolvimento saudável, o que reforça a necessidade de conscientização sobre os riscos associados.

As discussões sobre o casamento entre primos estão ganhando atenção na Europa, com alguns países escandinavos já proibindo essa prática. No Reino Unido, o parlamentar Richard Holden propôs um projeto de lei para proibir o casamento entre primos, mas o governo atual não tem planos de implementar tal proibição. A abordagem atual é de aconselhamento genético, que orienta casais sobre os riscos, embora haja um clamor crescente por intervenções mais rigorosas.

A questão é complexa, envolvendo não apenas a saúde, mas também aspectos sociais e culturais. Enquanto alguns defendem a proibição para proteger a saúde pública e combater práticas de coerção, outros argumentam que a educação e a conscientização são caminhos mais eficazes. A discussão continua em Bradford, onde as irmãs refletem sobre suas escolhas e a evolução das tradições familiares, reconhecendo que a mudança deve ser gradual e respeitosa.