Saúde

Ofélia Contreiras transforma dor em esperança ao oferecer apoio psicológico a famílias enlutadas

Ofélia Alves Contreiras, psicóloga que perdeu dois filhos, fundou um escritório online de atendimentos psicológicos acessíveis e sonha com uma clínica 24 horas.

Ofélia prometeu ao caçula que, após sua morte, não presenciaria mais nenhuma mão perder um filho por não ter condições de recorrer à ajuda psicológica. (Foto: Arquivo pessoal)

Ofélia prometeu ao caçula que, após sua morte, não presenciaria mais nenhuma mão perder um filho por não ter condições de recorrer à ajuda psicológica. (Foto: Arquivo pessoal)

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Psicóloga transforma dor em atendimento acessível à saúde mental

A psicóloga Ofélia Alves Contreiras, de 58 anos, fundou um escritório online de atendimentos psicológicos com preços sociais, após perder dois filhos – Heitor, assassinado em 2012, e Lucas, vítima de suicídio em 2015. A iniciativa nasceu da promessa feita aos filhos: garantir que outras famílias não sofressem pela falta de acesso à saúde mental.

Contreiras relata o trauma de perder Heitor, de 27 anos, em um confronto no trânsito. Três anos depois, Lucas, de 20 anos, tirou a própria vida, devastado pela perda do irmão. A psicóloga percebeu a falta de suporte financeiro para tratamentos especializados e a estigmatização do suicídio.

Dificuldades financeiras e a busca pela formação

A falta de recursos para ajudar Lucas a tempo motivou Ofélia a ingressar na faculdade de Psicologia em 2016. Para pagar os estudos, ela trabalhou como faxineira e cozinheira, enfrentando dificuldades financeiras extremas. A formatura, em 2021, foi conquistada após negociação com a instituição de ensino.

Após se mudar para São Paulo, em 2021, a psicóloga iniciou os atendimentos online, oferecendo preços acessíveis e dedicando 30% da sua agenda a pacientes de baixa renda. “Sinto que minha promessa está sendo cumprida”, afirma Contreiras.

Sonho de uma clínica 24 horas

O objetivo de Ofélia é criar uma clínica de saúde mental com atendimento 24 horas, voltada para pessoas em situação de vulnerabilidade financeira. A especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), Luciana Oliveira, ressalta a importância de observar sinais de ideação suicida, como retraimento emocional e falas sobre culpa e desamparo.

Em casos de crise, Oliveira orienta buscar ajuda médica imediata e remover possíveis meios de autoagressão. O contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo número 188, é uma alternativa para quem precisa de apoio emocional. O acolhimento e o diálogo aberto são ferramentas importantes na prevenção do suicídio.

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