Saúde

Risco silencioso: 5 medicamentos comuns, mas que podem ser muito perigosos

Apesar de estarem presentes no dia a dia de milhões de brasileiros, muitos medicamentos de uso frequente escondem riscos sérios à saúde quando utilizados por longos períodos.

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De analgésicos a calmantes, passando por remédios para o estômago ou inflamações, esses fármacos são consumidos com frequência sem orientação médica e, em muitos casos, sem a devida noção de que podem causar dependência, falência de órgãos ou doenças crônicas. Confira abaixo um ranking com alguns dos medicamentos mais consumidos no país que, segundo especialistas, devem ser usados com muito mais cautela do que se imagina.

1. Nimesulida

A nimesulida é um anti-inflamatório amplamente usado no Brasil para tratar dores musculares, inflamações, febre e cólicas. O que muitos usuários desconhecem é que esse medicamento foi retirado do mercado em mais de 30 países, entre eles Espanha, Canadá, Irlanda e Japão, por estar associado a casos de toxicidade hepática grave e risco de hepatite fulminante, que pode levar à necessidade de transplante de fígado. Esses problemas fizeram com que autoridades de saúde de diversas nações proibissem seu uso.

No Brasil, a substância continua liberada, mas com restrições: só deve ser usada por adultos e por no máximo 10 dias. Mesmo assim, é comum encontrar pessoas que fazem uso recorrente do medicamento como uma espécie de "Dorflex turbinado", sem saber dos potenciais riscos a longo prazo. Especialistas alertam que o fígado pode sofrer danos irreversíveis mesmo em pessoas sem doenças prévias, especialmente com o uso contínuo ou em doses acima das recomendadas.

2. Omeprazol

Inicialmente criado para tratar úlceras e refluxo de forma pontual, o omeprazol acabou se transformando em um dos remédios mais consumidos do mundo, porém com a frequência errada. O que deveria ser um tratamento de curta duração virou hábito diário para muitas pessoas. A facilidade com que o medicamento é encontrado nas farmácias (inclusive sem receita) e a falsa sensação de segurança tornaram o omeprazol uma espécie de "suplemento de estômago", o que é um erro grave.

Estudos mostram que o uso prolongado do omeprazol e de seus semelhantes (como pantoprazol e esomeprazol) pode causar deficiência de vitamina B12, redução da absorção de cálcio e magnésio, o que aumenta o risco de fraturas ósseas, além de doença renal crônica e até déficits cognitivos, com risco aumentado de demência em idosos. O remédio é eficaz, mas deve ser sempre acompanhado por um profissional, e jamais ser usado como solução permanente para má alimentação ou refluxo crônico mal investigado.

3. Paracetamol (Acetaminofeno)

O paracetamol, ou acetaminofeno, é um dos analgésicos mais vendidos no Brasil e costuma ser o primeiro recurso de muitas pessoas para combater febres e dores leves. Por ser facilmente encontrado e considerado "leve", muitas pessoas não veem problema em tomá-lo repetidamente, e aí está o perigo.

Quando consumido em doses altas ou combinado com álcool ou outros medicamentos hepatotóxicos, o paracetamol pode causar lesões graves no fígado, podendo evoluir para insuficiência hepática aguda. O risco aumenta quando a dose diária ultrapassa o limite de 4 gramas, algo mais comum do que se imagina, já que muitas pessoas associam diferentes remédios sem saber que todos contêm a mesma substância ativa.

4. Dipirona (Metamizol)

Popular entre os brasileiros, a dipirona é uma das principais escolhas para combater febre, dor de cabeça e cólicas. Seu uso é tão comum que muita gente nem considera a potência que esse medicamento carrega. Proibida em alguns países, como Estados Unidos, Reino Unido e Japão, devido ao risco, ainda que raro, de agranulocitose, uma condição grave em que há queda severa dos glóbulos brancos, deixando o organismo vulnerável a infecções. No Brasil, a dipirona continua liberada e amplamente prescrita, inclusive em crianças. Mas o fato de estar livre para compra nas farmácias não significa que possa ser usada indiscriminadamente. A principal preocupação é a banalização de seu consumo, já que o uso contínuo e deliberado pode aumentar os riscos.

5. Anti-histamínicos

Remédios como prometazina e difenidramina, que podem ser vendidos sem receita médica e são usados originalmente para tratar alergias, acabaram se popularizando como "calmantes leves" ou "ajudantes do sono". Mas essa prática esconde riscos importantes, principalmente em pessoas mais velhas.

Esses medicamentos têm efeito sedativo e podem causar sonolência diurna, confusão mental, perda de memória, retenção urinária e, a longo prazo, até um aumento no risco de demência. Em idosos, os efeitos colaterais são ainda mais pronunciados. O uso rotineiro desses remédios para tratar insônia ou ansiedade deve ser evitado, já que existem opções mais seguras e eficazes para esse fim. A prometazina, inclusive, é muito utilizada como droga recreativa, quando misturada com codeína (opiáceo) e refrigerante, causando efeitos sedativos e eufóricos. A combinação de opiáceos + sedativos é especialmente perigosa, pois desacelera as funções vitais, podendo levar à overdose.

Apesar de úteis e, em muitos casos, indispensáveis, todos esses medicamentos exigem uso consciente e responsável. A automedicação, o uso prolongado sem acompanhamento e a ideia de que "se é comum, é seguro" podem transformar tratamentos simples em problemas de saúde graves e duradouros. A recomendação dos especialistas é clara: qualquer remédio, mesmo os aparentemente inofensivos, deve ser usado com orientação médica e, acima de tudo, com respeito aos limites do corpo.

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