29 de abr 2025
Psiquiatra critica a visão reducionista que associa transtornos mentais apenas ao cérebro
A psiquiatra Juliana Belo Diniz critica a visão reducionista que liga transtornos mentais apenas ao cérebro, defendendo uma abordagem que considere fatores sociais e culturais. Em seu livro, ela propõe a "pessoalização" da psiquiatria, enfatizando a importância da escuta e do vínculo terapêutico, além de questionar o uso excessivo de medicamentos. Diniz argumenta que o aumento de diagnósticos de depressão e ansiedade está mais relacionado a condições sociais do que a problemas cerebrais, e alerta para os riscos da patologização de experiências comuns.
Psiquiatra Juliana Belo Diniz explica em entrevista por que defende que problemas emocionais não devem ser tratados como 'doenças do cérebro'. (Foto: Liza Summer/Pexels)
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A psiquiatra Juliana Belo Diniz critica a visão reducionista que associa transtornos mentais apenas ao cérebro. Em seu livro, O que os psiquiatras não te contam, lançado em março, ela defende uma abordagem que considere fatores sociais e culturais. Diniz argumenta que o sofrimento emocional não pode ser compreendido apenas por desequilíbrios químicos.
Historicamente, o sofrimento emocional era visto como uma falha moral ou um problema físico. Com os avanços da medicina, a psiquiatria moderna passou a focar no cérebro. Em 2024, mais de 470 mil brasileiros se afastaram do trabalho devido a ansiedade e depressão, segundo o Ministério da Previdência Social. Para Diniz, essa perspectiva simplifica a experiência emocional e prioriza a prescrição de medicamentos.
Ela destaca que muitos medicamentos atuam na serotonina, mas o papel desse neurotransmissor nas doenças ainda é incerto. Diniz propõe a "pessoalização" da psiquiatria, enfatizando a importância da escuta e do vínculo terapêutico. A psiquiatra critica o uso excessivo de diagnósticos, que podem levar à patologização de experiências comuns.
O aumento de diagnósticos de depressão e ansiedade é mais bem explicado por condições sociais do que por questões cerebrais. Diniz observa que a sociedade competitiva e a perda de laços sociais contribuem para o sofrimento emocional. Ela alerta que a popularização de diagnósticos como TDAH pode patologizar a vida cotidiana.
Diniz também questiona a ideia de que a depressão é um problema químico que pode ser resolvido com remédios. Embora os medicamentos possam aliviar sintomas, não corrigem a causa do sofrimento. Ela ressalta que o entendimento sobre o funcionamento do cérebro ainda é limitado e que a busca por soluções simples é enganosa.
A psiquiatra defende um modelo de atendimento que priorize a personalização e o vínculo entre profissionais e pacientes. A tecnologia pode facilitar encontros, mas não deve substituir a interação humana. Diniz conclui que a psiquiatria deve se afastar do discurso simplista e reconhecer a complexidade do sofrimento emocional.
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