Cresce a procura de adolescentes por medicamentos para emagrecimento sem supervisão médica

Recentemente, o uso de medicamentos como Mounjaro e Ozempic para emagrecimento tem gerado preocupações entre médicos, especialmente com adolescentes buscando essas substâncias sem orientação adequada. O mercado paralelo de medicamentos manipulados e contrabandeados tem crescido, com clínicas oferecendo versões não regulamentadas da tirzepatida, levantando sérias questões de saúde pública.

Na Clínica Leger, a médica nutróloga Karla Confessor relata que adolescentes têm procurado consultas pedindo pela medicação. Ela destaca que esses jovens, influenciados por vídeos virais, não compreendem os riscos envolvidos. A tirzepatida, indicada apenas para adultos com obesidade ou diabetes tipo 2, pode causar distúrbios gastrointestinais e alterações hormonais em adolescentes, que ainda estão em fase de desenvolvimento.

Dados recentes indicam que cerca de 11 milhões de adolescentes brasileiros estão acima do peso, com 4,1 milhões em estágio de obesidade. A pressão estética e a facilidade de acesso à informação nas redes sociais têm impulsionado o consumo de medicamentos como Mounjaro, muitas vezes sem acompanhamento profissional. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige receita médica controlada para a compra da substância, mas isso não tem impedido a circulação de versões paralelas.

Além dos efeitos colaterais conhecidos, como náuseas e vômitos, médicos relatam atendimentos de emergência por complicações decorrentes do uso indiscriminado. Karla Confessor alerta que o tratamento de jovens com sobrepeso deve ser multidisciplinar, incluindo orientação nutricional e suporte psicológico. A única medicação aprovada para uso em jovens a partir dos 12 anos é o Wegovy (semaglutida), enquanto o Mounjaro ainda está em fase de estudo.

O crescimento do mercado paralelo é alarmante. Clínicas oferecem "protocolos de emagrecimento" com versões manipuladas da tirzepatida, que prometem eficácia similar ao medicamento original, mas sem garantias de qualidade. Esses produtos são frequentemente obtidos de forma irregular e podem conter substâncias perigosas. A manipulação de medicamentos como tirzepatida e semaglutida levanta questões éticas e de saúde pública, com médicos e especialistas pedindo maior controle e educação sobre o uso seguro dessas substâncias.