Tabagismo provoca 80% das mortes por câncer de pulmão no Brasil

Um levantamento da Fundação do Câncer revela que o tabagismo é responsável por 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e quase 80% entre mulheres no Brasil. Em 2024, as projeções indicam 32 mil novos casos da doença, com um aumento significativo na incidência e mortalidade até 2040, especialmente na Região Sul, que apresenta as maiores taxas.

Os custos relacionados ao câncer de pulmão no Brasil chegam a R$ 9 bilhões anuais, englobando tratamento, perda de produtividade e cuidados. A indústria do tabaco, por sua vez, cobre apenas 10% desses custos através de impostos. Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, destaca que a doença é uma preocupação de saúde pública global, sendo frequentemente diagnosticada em estágios avançados devido à falta de sintomas iniciais.

Projeções Alarmantes

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2024, 14 mil mulheres e 18 mil homens serão diagnosticados com câncer de pulmão. Dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) apontam para um possível aumento de 65% na incidência e 74% na mortalidade até 2040, caso o comportamento em relação ao tabagismo não mude. Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, ressalta que, apesar da previsão legal de tratamento em até 60 dias, essa realidade nem sempre se concretiza no Brasil.

A Região Sul lidera em incidência, com 24,14 casos novos por 100 mil homens e 15,54 por 100 mil mulheres, enquanto a média nacional é de 12,73 para homens e 9,26 para mulheres. As regiões Norte e Nordeste apresentam taxas inferiores à média nacional para homens, enquanto todas as regiões têm índices menores para mulheres.

Faixa Etária e Novas Gerações

A faixa etária mais afetada pelo câncer de pulmão é entre 40 e 59 anos, representando 74% dos casos em homens e 65% em mulheres. Maltoni alerta para o interesse da indústria do tabaco em atrair novas gerações, especialmente com o uso de produtos como o cigarro eletrônico, que também é prejudicial à saúde. A pesquisa indica que o envelhecimento aumenta significativamente a taxa de mortalidade, reforçando a urgência de estratégias eficazes de controle do tabagismo e tratamento.