21 de jun 2025

Idosos são mortos por cuidadores a cada oito dias no Japão, maioria é parente
Crisis demográfica no Japão resulta em assassinatos e suicídios de cuidadores, evidenciando a pressão extrema sobre famílias.

Porto de Oiso, no Japão, em ponte de onde Hiroshi Fujiwara, 82, admitiu em 2022 ter jogado sua esposa Teruko, de cadeira de rodas, após cuidar dela por 40 anos (Foto: Reprodução Google Maps)
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O Japão enfrenta uma crise demográfica alarmante, com um aumento significativo na população idosa e uma queda acentuada no número total de habitantes. Recentemente, um estudo revelou que a cada oito dias, um idoso é morto por cuidadores exaustos, frequentemente familiares, em um fenômeno conhecido como care killing. A pesquisa, conduzida pela professora Etsuko Yuhara da Universidade Nihon Fukushi, registrou 443 mortes entre 2011 e 2021, relacionadas a assassinatos ou suicídios de cuidadores sobrecarregados.
Os dados mostram que 55,8% dos responsáveis pelas mortes são filhos adultos, enquanto 23,6% são cônjuges. A pressão sobre esses cuidadores, muitos dos quais também são idosos, é exacerbada pela crescente demanda por assistência. Atualmente, mais de 5,5 milhões de japoneses necessitam de cuidados diários, e quase 30% dos cuidadores têm mais de 70 anos.
Desafios do Cuidado
O Japão enfrenta um déficit de profissionais na área de cuidados, com apenas 2,15 milhões de trabalhadores disponíveis, enquanto a demanda deve aumentar para 2,74 milhões até 2040. Casos recentes, como o de um homem de 77 anos que matou sua irmã de 81 anos, evidenciam o esgotamento emocional e físico dos cuidadores. Outro exemplo é o de Hiroshi Fujiwara, que, após cuidar de sua esposa por 40 anos, cometeu um crime seguido de um plano de suicídio.
Esses casos revelam que a relação entre cuidadores e idosos pode ser complexa, muitas vezes marcada por amor e responsabilidade, mas também por um esgotamento extremo. A falta de apoio e recursos adequados contribui para essa situação crítica.
Respostas e Iniciativas
Para mitigar a escassez de cuidadores, o Japão tem incentivado a entrada de trabalhadores estrangeiros no setor. A brasileira Joana Cândida da Silva, que atua como cuidadora em Yokohama, destaca as dificuldades enfrentadas, como a barreira do idioma, mas também a satisfação em ajudar. Instituições de cuidados têm buscado oferecer suporte, permitindo que cuidadores tenham tempo para si.
A realidade da população idosa no Japão é ainda mais sombria, com 76.020 pessoas morrendo sozinhas em casa em 2024, sendo 76,4% delas com mais de 65 anos. Esses dados refletem a necessidade urgente de uma rede de apoio mais robusta para enfrentar os desafios do envelhecimento da população e a crise de cuidados no país.
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