29 de jun 2025

Indústria do autismo cresce e gera novas oportunidades de inclusão e emprego
Estudo revela que aumento de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil resulta em sobrecarga nas escolas e judicialização de direitos.

Criança brincando (Foto: Freepik)
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A explosão de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil tem gerado preocupações em diversos setores. Um estudo recente das universidades UFRJ e UFSC destaca a pressão social por diagnósticos rápidos e a formação inadequada de profissionais, além do crescimento do Complexo Industrial do Autismo.
Nos últimos anos, o número de diagnósticos de autismo aumentou significativamente. Nos Estados Unidos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) indicam que uma em cada 33 crianças é diagnosticada com TEA. Na Europa, os números variam, com estimativas de uma em cada 416 a 1.080. Esse aumento é atribuído a fatores como mudanças nos critérios diagnósticos e maior acesso à informação.
A busca por respostas rápidas tem levado famílias a solicitar laudos médicos, resultando em uma sobrecarga nas escolas e na judicialização de direitos. Em encontros com juízes, observou-se um aumento de processos que exigem adaptações em escolas e cobertura de terapias por planos de saúde. O diagnóstico, embora necessário, tem sido utilizado como um "passaporte" para benefícios, gerando uma demanda por laudos apressados e, muitas vezes, sem rigor.
Complexo Industrial do Autismo
O fenômeno do Complexo Industrial do Autismo se caracteriza pela intersecção de interesses que lucram com o aumento dos diagnósticos. Clínicas e profissionais com formação insuficiente proliferam, enquanto os custos para planos de saúde com tratamentos de autismo superam os do câncer. A judicialização é incentivada por cursos que ensinam a "monetizar o TEA", resultando em uma avalanche de produtos e serviços, muitos sem comprovação científica.
A falta de estrutura pública no Sistema Único de Saúde (SUS) agrava a situação. Unidades de saúde mental e reabilitação são escassas, e o apoio às escolas é insuficiente. Enquanto isso, cerca de 400 projetos de lei buscam benefícios para pessoas com TEA, mas muitas vezes favorecem interesses privados em detrimento das necessidades reais das famílias.
A mobilização das famílias tem sido uma resposta legítima, mas frequentemente capturada por agendas que reforçam o modelo de mercado. Outros transtornos, como paralisia cerebral e doenças genéticas, não recebem a mesma atenção, evidenciando uma desigualdade no acesso a direitos. O desafio permanece em articular saúde, educação e justiça, promovendo um cuidado baseado em direitos e respeitando as singularidades de cada criança.
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