Médico defende saúde feminina na linha de frente da guerra na Ucrânia

Ações Humanitárias em Meio à Guerra

A guerra na Ucrânia, iniciada em 2022, devastou o sistema de saúde do país, resultando em mais de 1.940 ataques a instalações de saúde. Muitas mulheres, especialmente em áreas afetadas, estão sem acesso a cuidados médicos. Para enfrentar essa crise, o obstetra e ginecologista Dr. Serhii Baksheiev criou a clínica móvel chamada 'The Feminine Shuttle', que já realizou mais de 1.000 exames ginecológicos.

Em uma vila rural próxima à linha de frente, mulheres aguardam em silêncio para serem atendidas. Para muitas, essa é a primeira consulta médica desde o início da guerra. Dr. Baksheiev, com seu veículo adaptado, oferece serviços gratuitos em locais onde não há médicos. Ele destaca que sua missão é humanitária, voltada para aqueles que mais precisam.

Desafios e Iniciativas

Desde o início do conflito, a saúde pública na Ucrânia enfrenta desafios imensos. Dr. Baksheiev, que começou sua atuação em um bunker em Kyiv, percebeu a necessidade de uma clínica móvel após visitar áreas devastadas como Kharkiv e Chernihiv. Ele relata que, antes da clínica, realizava exames em sofás velhos, sem equipamentos adequados.

Atualmente, a clínica móvel é equipada com um ultrassom e ferramentas para pequenas cirurgias, permitindo que a equipe realize até 80 colposcopias em uma missão de dois dias. Esses exames são cruciais, especialmente em regiões ocupadas, onde a detecção de câncer tem diminuído. Dados indicam que as taxas de detecção de câncer de ovário e colo do útero caíram 17% e 10%, respectivamente, desde 2020.

Impacto Psicológico e Futuro da Saúde

Dr. Ulana Supron, ex-ministra da Saúde da Ucrânia, alerta sobre uma "bomba-relógio" em relação à saúde pública, enfatizando a preocupação com os efeitos físicos e mentais da guerra. A pressão sobre o sistema de saúde é intensa, mas o governo já conseguiu reconstruir 964 instalações médicas danificadas.

Apesar de ter recebido um diagnóstico de câncer em setembro de 2024, Dr. Baksheiev continua sua missão. Ele não apenas realiza exames, mas também ouve as histórias de suas pacientes, que frequentemente compartilham experiências traumáticas relacionadas aos ataques. "Nós não somos apenas médicos, somos terapeutas para essas pacientes," afirma.