Doenças animais se espalham para humanos com a domesticação de gado

Uma análise genômica recente revelou que a domesticação de animais, ocorrida há 6.500 anos, facilitou a transmissão de patógenos zoonóticos para os humanos. Esse estudo, publicado na revista Nature, mostra que a transição de comunidades de caçadores-coletores para a agricultura e a criação de gado coincide com um aumento significativo de doenças infecciosas.

Os pesquisadores, liderados por Astrid Iversen, virologista da Universidade de Oxford, analisaram 1.313 restos humanos encontrados na Eurásia, abrangendo um período de 37.000 anos. A pesquisa identificou 5.486 sequências de DNA de bactérias, vírus e parasitas, com destaque para patógenos que causam doenças como a peste e a hanseníase. Esses patógenos zoonóticos foram detectados apenas em restos com até 6.500 anos, com um pico em amostras de 5.000 anos.

Impacto da Agricultura e Pecuária

A mudança para a agricultura e a vida em comunidades maiores, com a domesticação de animais, permitiu que patógenos que antes circulavam apenas entre os animais passassem a infectar humanos. Iversen destaca que essa interação próxima entre humanos e animais, especialmente em comunidades pastoris, criou um ambiente propício para a disseminação de doenças.

Além disso, a dieta rica em produtos de origem animal, como leite e carne, pode ter contribuído para a propagação de patógenos. O estudo é relevante no contexto atual, onde um bilhão de pessoas são infectadas anualmente por doenças zoonóticas, resultando em milhões de mortes. A pesquisa também ressalta a importância de entender como as interações humanas com animais podem influenciar a saúde pública, especialmente em tempos de crescente urbanização e mudanças ambientais.