Saúde

Mães trans enfrentam desafios e preconceitos ao tentar amamentar com lactação induzida

Mães trans enfrentam desafios na amamentação induzida, revelando a complexidade da maternidade e a luta contra preconceitos sociais.

Isis Broken, mãe de Apolo, amamentou o filho após seu parceiro, um homem trans, decidir que não iria fazê-lo por causa da disforia de gênero. (Foto: Karime Xavier/Folhapress)

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Mães trans compartilham experiências de amamentação induzida e revelam desafios

Erika Fernandes, de 31 anos, e Isis Broken, de 30, relatam suas jornadas na amamentação induzida, um processo que simula a gestação para estimular a produção de leite. As experiências, marcadas por obstáculos sociais e emocionais, ganham destaque em meio à busca por normalizar a maternidade trans.

Fernandes buscou o tratamento após não encontrar relatos de mulheres trans que amamentaram. A médica confirmou a possibilidade e já havia realizado o procedimento em outras duas pacientes. Ao compartilhar sua experiência nas redes sociais, Erika enfrentou ataques e recebeu diversas perguntas sobre o método.

Isis Broken amamentou seu filho após o parceiro trans decidir não fazê-lo devido à disforia de gênero. A exposição pública da lactação gerou reações negativas, incluindo acusações de pedofilia e questionamentos sobre a autenticidade do leite. O estresse impactou a produção de leite, exigindo suplementação por sonda.

A lactação induzida difere da gestação na composição do leite, explica a endocrinologista Izabella Tamira Galdino, da Universidade Federal do Ceará. Enquanto gestantes produzem leite “personalizado” para cada bebê, a indução não apresenta malefícios comprovados ao desenvolvimento infantil.

A amamentação mista, que combina leite materno induzido com fórmula, pode ser necessária devido ao menor volume produzido por não gestantes. Ainda assim, o vínculo estabelecido durante a amamentação é benéfico para o desenvolvimento emocional do bebê.

Para casais trans heterossexuais, a amamentação pode ter um significado simbólico, especialmente quando o pai trans não se sente confortável em amamentar devido à disforia de gênero. A experiência de Isis Broken foi dificultada por violências verbais durante o pré-natal, incluindo perguntas invasivas e desligamentos durante tentativas de agendamento de exames.

O processo de lactação induzida envolve a hormonização, com bloqueio da testosterona e administração de estrogênio e progesterona. A ginecologista e obstetra Ana Thais Vargas ressalta que o maior desafio é social, enfrentando ataques transfóbicos e preconceito.

Apesar dos desafios, Erika Fernandes afirma que repetiria a experiência, valorizando a conexão estabelecida com o filho durante as mamadas. Isis Broken, por sua vez, reflete sobre como a experiência transformou sua compreensão da maternidade trans, buscando criar novas narrativas que não se limitem aos padrões cisgêneros.

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