29 de jan 2025

Caminhoneiros enfrentam risco crescente com 1,5 milhão de exames toxicológicos vencidos no Brasil
Acidente na BR 116 resultou em 39 mortes; caminhoneiro foi preso por uso de drogas. Projeto de lei aprovado exige exame toxicológico para novos motoristas e renovações. Quase 1,5 milhão de motoristas têm exames vencidos, aumentando riscos nas estradas. Sindicam SP defende testes gratuitos pelo SUS e fiscalização rigorosa contra drogas. Pesquisa aponta que pressão por entregas rápidas leva motoristas a usar substâncias.
Foto:Reprodução
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O caminhoneiro Arilton Bastos Alves foi preso na semana passada, após um acidente na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), que resultou em 39 mortes. Exames toxicológicos revelaram a presença de cocaína, MDMA (ecstasy), alprazolam e venlafaxina em seu sangue. Essa tragédia evidencia os riscos associados ao uso de drogas na profissão, que já enfrenta desafios devido às condições exaustivas e estradas em péssimo estado. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) mostram que cerca de 1,5 milhão de motoristas de ônibus e caminhões no Brasil estão com exames toxicológicos vencidos.
O coordenador do programa SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, critica a falta de rigor na fiscalização, afirmando que os Detrans não suspendem as carteiras de motoristas que não realizam os exames. Muitos, segundo Rizzotto, utilizam drogas para se manter acordados durante longas jornadas. Acidentes relacionados ao uso de substâncias, muitas vezes combinadas com álcool, são frequentes. Um caso recente no Rio Grande do Sul envolveu um motorista que, embriagado e com o exame vencido, causou a morte de um policial rodoviário federal.
Além disso, o uso de drogas como a cocaína tem aumentado entre motoristas, especialmente após a proibição das anfetaminas em farmácias em 2011. A pesquisadora Daniele Sinagawa, do Laboratório de Toxicologia da USP, destaca que a cocaína se tornou uma alternativa popular devido à sua acessibilidade e efeito estimulante. Ela alerta que novas substâncias psicoativas são difíceis de detectar em exames, o que exige uma fiscalização mais rigorosa, incluindo dispositivos que possam medir a presença de drogas em tempo real.
O Congresso Nacional está discutindo a ampliação da obrigatoriedade do exame toxicológico, com um projeto de lei já aprovado que torna o teste obrigatório para novos motoristas e na renovação da habilitação de motoristas profissionais. Barnabé Rodrigues, presidente do Sindicam-SP, defende que todos os motoristas deveriam ser submetidos ao exame, que deveria ser oferecido gratuitamente pelo SUS. Ele ressalta a importância de respeitar as jornadas de trabalho e os intervalos para descanso, enfatizando que o sono é a melhor forma de se manter alerta nas estradas.
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