Apagão na Espanha revela limitações da energia solar conectada à rede elétrica

Um apagão recente na Espanha, ocorrido na segunda-feira (28), deixou muitos lares sem energia, incluindo o de Irene Casas e Luis Morate, moradores de um subúrbio de Madri. Apesar de possuírem duzentos painéis solares instalados em seu telhado, a conexão à rede elétrica impediu que eles se tornassem autossuficientes durante a interrupção.

Os painéis solares, instalados no final de 2023, não forneceram energia diretamente aos apartamentos, pois estão integrados à rede elétrica. Em troca da energia gerada, os coproprietários recebem um desconto na conta de luz, mas isso não os protege em casos de apagão. Morate destacou que, embora os painéis sejam uma fonte de energia durante o dia, a dependência da rede elétrica é uma realidade.

Desde a revogação de um imposto sobre energia solar em 2018, a capacidade solar residencial na Espanha aumentou de trezentos megawatts para dois mil e quatrocentos megawatts até 2023, segundo dados da BloombergNEF. Contudo, a maioria das instalações solares está conectada à rede, o que dificulta a autossuficiência energética. Um guia governamental detalha um processo complexo para quem deseja se tornar independente em energia.

A situação não é exclusiva da Espanha. Muitas instalações solares na Europa, mesmo com baterias, não possuem recursos de ilhamento, que permitem a operação durante falhas na rede. O dispositivo responsável pela gestão do sistema solar, chamado inversor, desliga automaticamente quando a rede falha, visando a segurança dos engenheiros que trabalham na manutenção.

Para alguns, como Carlota Sala, que vive em uma fazenda na Catalunha, a autossuficiência energética é uma escolha consciente. Sala, que não percebeu o apagão até horas depois, utiliza painéis solares e baterias para garantir energia mesmo à noite. Ela ressaltou que ser autossuficiente traz uma sensação de autonomia e poder sobre suas escolhas diárias.