08 de jul 2025
Setor jurídico enfrenta desafios na adoção de estratégia de inteligência artificial
Apenas 22% das organizações jurídicas têm estratégia de inteligência artificial, revelando riscos e oportunidades no setor.

Foto: Katrin Bolovtsolova/Pexels
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Apesar dos avanços na adoção da inteligência artificial (IA) no setor jurídico, apenas 22% das organizações possuem uma estratégia clara para sua implementação, segundo o relatório “Future of Professionals 2025”, da Thomson Reuters. O estudo, que entrevistou 2.275 profissionais de diversas áreas, revela que a falta de planejamento pode resultar em riscos e na perda de oportunidades.
As instituições que implementam uma estratégia de IA têm duas vezes mais chances de aumentar a receita relacionada à tecnologia e 3,5 vezes mais probabilidade de obter benefícios significativos. No Brasil, a IA está sendo integrada em diferentes frentes, mas enfrenta desafios. Steve Hasker, CEO da Thomson Reuters, destaca que escritórios que não se adaptarem correm o risco de ficar para trás, com um potencial de desbloqueio de valor de US$ 32 bilhões nas áreas jurídica e contábil.
Desafios e Oportunidades
O estudo aponta que profissionais que utilizam IA podem economizar cinco horas por semana até 2025, resultando em um ganho anual de até US$ 19 mil por pessoa. Essa economia permite que advogados se concentrem em tarefas mais complexas. Marcus Valverde, sócio do escritório Marcus Valverde Sociedade de Advogados, afirma que as legaltechs oferecem soluções personalizadas, permitindo um melhor uso do tempo.
Entretanto, a cautela é necessária. Antônio Carlos de Oliveira Freitas, diretor da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), ressalta que a IA é uma ferramenta poderosa, mas não substitui o advogado. Ele alerta para o uso ético da tecnologia, já que houve casos de IA que geraram jurisprudências incorretas. Matheus França, do escritório Gaia Silva Gaede, também enfatiza a importância da governança no uso da IA.
Adoção na Justiça
Dentro do sistema Judiciário, a adoção da IA ainda é desigual. Daniel Marques, presidente da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), menciona que a tecnologia já é utilizada em triagens e análises de jurisprudência, mas a decisão final continua a cargo dos profissionais. O Projeto de Lei 2338/23, que regulamenta o uso da IA no Brasil, já foi aprovado pelo Senado e aguarda votação na Câmara dos Deputados.
A proposta visa garantir a transparência e a rastreabilidade no uso da IA, dividindo as aplicações em categorias de risco. Freitas destaca a necessidade de que o cidadão saiba quando está diante de conteúdo gerado por máquinas. O avanço da tecnologia no setor jurídico apresenta desafios que exigem a consolidação de boas práticas, sempre alinhadas à ética e à qualidade dos serviços prestados.
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