Cidades inteligentes utilizam dados digitais para melhorar o trânsito e a qualidade de vida

A ideia de cidades inteligentes vai além de inovações futuristas, envolvendo o uso de dados e soluções práticas para resolver problemas cotidianos da população. Segundo Stella Hiroki, pesquisadora em Arquitetura e Urbanismo, a eficácia dessas cidades depende da participação ativa dos cidadãos, que muitas vezes já possuem as soluções em mãos. Embora no Brasil os projetos ainda estejam em desenvolvimento, há exemplos positivos, como o de Joinville, que em 2019 utilizou dados do aplicativo Waze para melhorar o trânsito em uma via principal, resultando em uma significativa redução do tempo perdido em engarrafamentos.

Outra iniciativa relevante ocorreu em São Paulo, onde a Secretaria Estadual de Agricultura lançou, em 2021, o programa Rotas Rurais. Em parceria com o Google, a ferramenta Plus Code foi criada para ajudar a localizar propriedades rurais sem endereço formal, facilitando o escoamento da produção e o transporte. Desde sua implementação, mais de 291 mil propriedades foram cadastradas, abrangendo 57 mil quilômetros de estradas rurais, melhorando a vida dos moradores.

Apesar dos avanços, Stella ressalta que os projetos de cidades inteligentes no Brasil ainda carecem de maturidade, enfrentando desafios como a falta de investimento e a continuidade das iniciativas, que muitas vezes dependem de um único gestor. Essa instabilidade pode comprometer a aplicação de soluções a longo prazo, especialmente com as mudanças frequentes nas administrações municipais.

Exemplos internacionais, como o da cidade americana Houston, mostram que é possível utilizar dados já disponíveis para enfrentar problemas urbanos. Após o furacão Harvey, que causou grandes inundações, o governo local usou informações de check-ins em redes sociais para identificar áreas vulneráveis e desenvolver um plano de emergência. Essa abordagem evitou gastos excessivos e aproveitou ferramentas que a população já utilizava, demonstrando que a tecnologia deve ser vista como um meio para superar obstáculos, e não como a solução em si.