19 de abr 2025
Cultura musical como ativo estratégico: lições de Montreal e Rio de Janeiro
Cultura musical é um ativo estratégico para cidades. Montreal investe em infraestrutura, enquanto o Rio luta para valorizar sua identidade musical.
Tomaz Silva. (Foto: Reprodução)
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Pesquisa aponta estratégias distintas de Montreal e Rio de Janeiro para o branding das cidades através da música.
Uma pesquisa comparativa entre Montreal e Rio de Janeiro revela abordagens contrastantes no uso da música como ferramenta de branding urbano. O estudo, baseado em sessenta entrevistas e observação de trinta e cinco eventos musicais, analisa a relação entre infraestrutura musical e identidade cultural.
Montreal adota uma estratégia cultural estruturada, com planejamento de longo prazo desde os anos 2000. A cidade investe continuamente em políticas públicas para a música, incluindo apoio a festivais como o Montreal International Jazz Festival. Essa visão estratégica consolida Montreal como metrópole cultural e reforça sua identidade multicultural.
Em contraste, o Rio de Janeiro, apesar de abrigar expressões musicais ricas como samba, bossa nova e funk carioca, enfrenta desafios devido à ausência de políticas contínuas e infraestrutura adequada. A vitalidade musical da cidade, presente em rodas de samba e blocos de rua, sustenta sua imagem global, mas carece de apoio institucional.
Infraestrutura e identidade musical são eixos complementares no fortalecimento da marca de uma cidade. A pesquisa propõe uma matriz que define quatro perfis: Cidades de Entretenimento, Cidades Hub da Música, Cidades com Raízes Musicais e Cidades Silenciosas. O Rio de Janeiro se encaixa no perfil de “Cidades com Raízes Musicais”, enquanto Montreal se destaca como “Cidade Hub da Música”.
A experiência de Montreal demonstra que políticas públicas estruturadas podem transformar a música em vetor de desenvolvimento urbano. O planejamento de longo prazo, com a articulação entre poder público, setor privado, artistas e universidades, é fundamental. No Rio, a autenticidade cultural é um diferencial, mas precisa de reconhecimento e investimento em infraestrutura de médio porte, fomento à criação e integração entre cultura, turismo e economia.
A professora Alessandra Baiocchi, da PUC-Rio, e o professor Danilo C. Dantas, do HEC Montréal, ressaltam que o investimento em música ao vivo é uma escolha estratégica que impacta a percepção e a imagem da cidade. Cidades que querem ser ouvidas precisam reconhecer o valor de suas próprias vozes, fortalecendo tanto a infraestrutura quanto as expressões culturais existentes.
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