Pastor demitido promove ato inter-religioso em defesa da paz e do diálogo

Dezenas de pessoas, incluindo pastores e líderes de diversas religiões, participaram na manhã desta quinta-feira (1º) do ato "Meditação da paz" na Igreja Presbiteriana Independente do Cambuci, em São Paulo. O evento, promovido pelo pastor Valdinei Ferreira, ocorreu após sua demissão da Fatipi, faculdade de teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, em meio a uma campanha de difamação nas redes sociais.

Ferreira foi demitido após publicar um artigo na Folha, intitulado "Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas?", que visava estimular o diálogo sobre interpretações bíblicas. O pastor afirmou que a intenção do texto era questionar certezas absolutas sobre bem e mal, mas a repercussão foi negativa. "A falsa hipótese de que eu teria empurrado para Jesus a pecha de traidor passou a circular pela internet," disse Ferreira.

Durante o ato, foram feitas leituras de trechos bíblicos e textos teológicos que promovem o respeito e a paz. Ferreira destacou que não encontrou abertura para diálogo nas redes sociais ou na faculdade, mas optou por não responder com agressividade. "Só vai me levar para o terreno que eles querem, que é o terreno do conflito," afirmou.

O evento também contou com a presença de representantes de outras religiões, como a umbanda e a Igreja Luterana. O reverendo Everton Camargo, secretário-geral da Ipib, leu um texto que ressaltou a importância das liberdades no Protestantismo. A socióloga Maria Arminda do Nascimento Arruda, vice-reitora da USP, enviou um depoimento em que se posicionou contra qualquer forma de censura.

Ao final do ato, Ferreira conduziu uma meditação coletiva, pedindo que os participantes repetissem uma frase que prega paz e entendimento. Uma fila de pessoas se formou para abraçá-lo, demonstrando apoio e solidariedade. Alunos da Fatipi também se manifestaram em defesa do pastor, expressando surpresa com sua demissão.