21 de mai 2025
Igreja indígena é construída em Peruíbe após sonho do pastor Ubiratã Silva
Tensões culturais e religiosas marcam a presença crescente de igrejas evangélicas nas aldeias do território Piaçaguera, no Brasil.
Diácono Javã lidera a igreja da Tekoa Ka'aguy Mirim, em Itanhaém (Foto: Vinícius Mendes/BBC)
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O pastor Ubiratã Silva, líder da aldeia Tekoa Kwaray, inaugurou em 2012 a primeira igreja indígena do Brasil, localizada no território Piaçaguera, em São Paulo. A construção do templo, que surgiu de um sonho do pastor, foi um marco para a comunidade, que até então não tinha um espaço para cultos.
Atualmente, a presença de igrejas evangélicas nas aldeias do Piaçaguera tem gerado tensões e divisões entre os indígenas. Enquanto algumas comunidades aceitam a nova fé, outras resistem, temendo a perda de suas tradições culturais. A situação reflete um conflito entre a espiritualidade indígena e as novas iniciativas missionárias.
Ubiratã, que também é cacique, destaca a importância da igreja para a comunidade. Ele relata que a construção foi possível graças à ajuda de missionários de São Paulo, que se sensibilizaram com a situação da aldeia. Desde a inauguração, a igreja Oy Djaporanduá tem sido um espaço de acolhimento e celebração, embora enfrente desafios como a falta de infraestrutura adequada.
No entanto, a expansão das igrejas evangélicas não é unânime. Em várias aldeias, líderes expressam preocupação com a divisão que a presença religiosa tem causado. A antropóloga Camila Mainardi, que estudou a região, observa que a presença evangélica pode gerar conflitos, especialmente quando se trata de rituais tradicionais.
As tensões se intensificam em comunidades onde a resistência à conversão é forte. Um cacique de Itanhaém afirmou que a imposição da religião evangélica pode ameaçar a identidade indígena. Por outro lado, alguns indígenas veem as igrejas como uma alternativa para lidar com problemas sociais, como o uso de drogas e álcool.
A situação no Piaçaguera ilustra um conflito existencial que remonta a eventos passados, como a divisão da aldeia Bananal no início dos anos 2000. A luta por reconhecimento e a busca por um espaço espiritual que respeite as tradições indígenas continuam a ser um desafio para as comunidades locais.
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