15 de fev 2025
Divulgadores científicos debatem limites éticos em campanhas publicitárias nas redes sociais
O biólogo César Favacho recusa propostas publicitárias para manter credibilidade. Átila Iamarino gera polêmica ao fazer campanha para a Shell, levantando questões éticas. A publicidade de influenciadores científicos pode comprometer sua imagem e credibilidade. Discussões sobre ética na divulgação científica se intensificam após controvérsias recentes. Especialistas sugerem critérios éticos para influenciadores ao aceitarem parcerias comerciais.
Foto: Reprodução
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O biólogo César Favacho, conhecido por seus vídeos sobre insetos e aracnídeos no TikTok, adota uma abordagem cautelosa ao receber convites para campanhas publicitárias. Com 322 mil seguidores, ele consulta colegas sobre possíveis conflitos de interesse antes de aceitar propostas. Em 2023, recusou um convite de uma mineradora, considerando que sua credibilidade é seu maior ativo. Favacho, que está cursando doutorado em biodiversidade, argumenta que a empresa causava danos ambientais e suas compensações eram insuficientes.
A discussão sobre os limites éticos da publicidade entre divulgadores de ciência ganhou destaque após o microbiologista Átila Iamarino, com um milhão de seguidores no Instagram, participar de uma campanha da Shell em 2024. Os vídeos, que promoviam o etanol da empresa, geraram controvérsia, especialmente por sua associação com uma companhia ligada à emissão de gases de efeito estufa. Críticas surgiram, questionando a credibilidade de Iamarino, que é conhecido por combater o negacionismo científico.
A falta de normas claras para influenciadores científicos leva muitos a usarem o bom senso ao aceitar campanhas. A paleontóloga Beatriz Hörmanseder, com 244 mil seguidores, recusou uma proposta de publicidade para uma loja de fósseis, enquanto a astrofísica Duília de Mello, assessorada por uma agência, avalia cuidadosamente as propostas que recebe. A biofarmacêutica Laura Marise e a bióloga Ana Bonassa, criadoras da iniciativa "Nunca Vi 1 Cientista", também buscam embasamento científico antes de aceitar campanhas, embora tenham enfrentado críticas por associações com empresas petrolíferas.
A jornalista Sabine Righetti sugere que projetos de divulgação científica estabeleçam critérios éticos claros para aceitar publicidades. Ela destaca a importância de que influenciadores sérios, com critérios definidos, sejam financiados pelo setor privado. A discussão sobre a ética na divulgação científica se torna cada vez mais relevante, especialmente em um contexto onde a credibilidade e a responsabilidade social são fundamentais para a confiança do público.
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