Vida

Reafricanização: a busca por ancestralidade nas religiões afro no Brasil

O culto a Ifá cresce no Brasil, desafiando hierarquias do candomblé e umbanda. A reafricanização busca conexão com raízes africanas, refletindo tensões culturais. Antropólogos destacam que rituais africanos são híbridos, não "puros". Sincretismo positivo fortalece tradições afro, enquanto o negativo as afana. A busca por autenticidade ritual pode levar a rupturas prejudiciais nas práticas.

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As religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, demonstram vitalidade e capacidade de adaptação ao longo dos séculos, enfrentando preconceitos e transformações sociais. No centro dessas práticas está a busca pela ancestralidade africana, um movimento conhecido como reafricanização, que reflete um desejo de conexão com raízes ancestrais e revela tensões entre tradições locais e transnacionais. A antropóloga Stefania Capone destaca que reafricanizar é renovar práticas existentes, reforçando o axé, ou força vital, e a conexão com fundamentos africanos.

A busca por autenticidade ritual leva muitos adeptos a viajar para países como Nigéria e Benin, onde encontram rituais que misturam diversas tradições africanas. O professor Ayodeji Ogunnaike ressalta que a eficácia espiritual é mais importante que a autenticidade histórica dos ritos. Ele observa que na África, os praticantes incorporam novos elementos, como divindades de outros povos, em suas práticas, desafiando a ideia de pureza ritual, que é vista como uma construção moderna.

No Brasil, a busca por rituais "mais puros" tem levado alguns a abandonar práticas como a umbanda em favor do Ifá tradicional. Contudo, essa ruptura pode ser problemática, já que o candomblé é uma religião de acumulação de axé. Olóye Felipe, Babalorixá de candomblé, enfatiza a importância de respeitar as particularidades de cada divindade para que a reunião de axé seja frutífera. O sincretismo positivo, que permite a reconstrução de conhecimentos perdidos, é um aspecto marcante das religiões afro, enquanto o sincretismo afrocatólico é visto como uma ameaça à africanidade.

O culto a Orunmilá, ou Ifá, tem crescido no Brasil, oferecendo uma visão unificada do cosmos e atraindo adeptos em busca de rituais estruturados. No entanto, essa expansão gera tensões entre os segmentos afrorreligiosos, refletindo disputas por poder e interpretações sobre o que é "mais correto". Apesar das tensões, o fortalecimento do axé pessoal e coletivo e a busca por soluções para problemas cotidianos permanecem centrais. O processo de reafricanização é, portanto, um reencontro ancestral que conecta tradições locais e globais, reafirmando o poder das tradições negras como forças de resistência e adaptação.

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