15 de jul 2025
Pará supera Rio e envia mais presos ao sistema federal com novas rotas do tráfico
Penitenciárias federais abrigam 61 detentos do Pará, evidenciando a crise do sistema prisional e o avanço do tráfico na Amazônia.

Penitenciária de Catanduvas é uma das cinco prisões do sistema federal (Foto: Divulgação)
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As penitenciárias federais, criadas em 2006 para combater o crime organizado, abrigam atualmente líderes de facções como PCC e CV. Recentemente, o Pará se destacou como o segundo estado com mais presos nessas unidades, refletindo a fragilidade do sistema prisional local e a expansão do tráfico na região.
Dados obtidos pela organização Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação, revelam que o Pará possui 61 detentos nas penitenciárias federais, superando o Rio de Janeiro, que tem 52. O levantamento mostra que, ao todo, 549 presos estão nessas unidades, com São Paulo liderando a lista com 68 internos. Especialistas apontam que a situação no Pará está ligada à fragilidade do sistema prisional e à crescente rota amazônica para a distribuição de drogas.
Um exemplo emblemático é Luziel Barbosa, condenado a 396 anos por ser um dos mandantes do Massacre de Altamira, em 2019. A transferência de detentos para penitenciárias federais é uma estratégia do governo do Pará para garantir a segurança e desarticular redes criminosas. A Secretaria de Estado e Administração Penitenciária do Pará afirmou que essa medida contribui para o enfraquecimento das organizações criminosas.
Análise do Sistema Prisional
A transferência de presos para o sistema federal, que antes não era comum em São Paulo, ganhou força após o envio de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em 2019. A socióloga Julita Lemgruber destaca que os estados enviam detentos com a expectativa de que isso diminua a articulação entre facções, mas o contato entre líderes de diferentes estados pode ter o efeito oposto.
Os dados também mostram que mais de 400 dos 549 internos têm entre 31 e 50 anos, revelando um perfil etário distinto em comparação aos presos estaduais, que tendem a ser mais jovens. O principal crime que levou os detentos ao sistema federal é o roubo, seguido pelo tráfico de drogas e homicídios. Essa realidade evidencia que as penitenciárias federais não abrigam apenas os mais violentos, mas também aqueles envolvidos em crimes patrimoniais.
As penitenciárias federais operam com capacidade abaixo do máximo, ao contrário das cadeias estaduais, que enfrentam superlotação. A criação dessas unidades visava desarticular organizações criminosas, mas a nacionalização das facções é uma crítica recorrente entre pesquisadores, que questionam a eficácia do modelo atual.
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