Brasil abre maior biofábrica de mosquitos do mundo para combater doenças tropicais

Por meio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e do World Mosquito Program (WMP), o Brasil inaugurou a maior biofábrica de mosquitos do mundo, a Wolbito do Brasil, em Curitiba. A cerimônia ocorreu no sábado (19) e a instalação terá a capacidade de produzir até 100 milhões de ovos por semana. O objetivo é combater arboviroses como dengue, zika e chikungunya.

Os mosquitos Aedes aegypti produzidos na biofábrica são inoculados com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão dos vírus. Essa abordagem inovadora já foi testada em áreas como Tubiacanga e Jurujuba, no Rio de Janeiro, desde 2014, com resultados que indicam uma redução de até 96% nos casos de dengue nas regiões tratadas, conforme estudos da Fiocruz.

A Wolbito do Brasil conta com cerca de 70 funcionários e, inicialmente, a produção será destinada ao Ministério da Saúde. O método é considerado seguro e sustentável, não envolvendo mosquitos transgênicos. Ao serem liberados no ambiente, os mosquitos com Wolbachia cruzam com os Aedes locais, transmitindo a bactéria a seus descendentes e reduzindo a capacidade de transmissão de arboviroses.

Importância do Método

A técnica já está presente em 14 países e representa uma das principais apostas científicas no combate às arboviroses. A presença da Wolbachia, que ocorre naturalmente em cerca de 60% dos insetos do planeta, não é encontrada no Aedes aegypti. A introdução da bactéria nos mosquitos foi realizada em laboratório sem alterar seu DNA, favorecendo a reprodução e a disseminação da Wolbachia na natureza.

É importante ressaltar que a biofábrica é uma ação complementar a outras medidas de controle, como a eliminação de criadouros e o uso de larvicidas. A colaboração da população é fundamental para o sucesso do programa, que visa proteger a saúde pública e reduzir surtos de doenças transmitidas pelo mosquito.