Menos da metade dos vacinados contra dengue retorna para a 2ª dose essencial

O Brasil enfrenta desafios na campanha de vacinação contra a dengue, iniciada em 2024, que visa crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em áreas prioritárias. A adesão à segunda dose tem sido alarmantemente baixa, com apenas 15 estados reportando dados e menos da metade dos jovens retornando para completar o esquema vacinal.

Nos 15 estados que forneceram informações, 13 relataram que menos de 50% dos jovens que tomaram a primeira dose voltaram para a segunda. No Pará, por exemplo, apenas 12,3% do público-alvo recebeu a vacina. A situação é preocupante, pois estudos indicam que a aplicação de apenas uma dose pode não garantir a proteção necessária contra a dengue. A segunda dose deve ser administrada com um intervalo mínimo de três meses.

Desempenho Regional

Apenas o Rio de Janeiro e o Distrito Federal apresentaram taxas de retorno superiores a 50%, com 67% e 53,8%, respectivamente. Estados como Amazonas, Alagoas e Ceará não enviaram dados, o que dificulta uma avaliação completa da campanha. O Ministério da Saúde já aplicou mais de 5,7 milhões de doses, sendo 4 milhões de primeiras doses e 1,7 milhão de segundas.

Para aumentar a cobertura vacinal, o ministério ajustou as orientações sobre a vacinação em escolas, permitindo a aplicação apenas em unidades com estrutura adequada para emergências. Além disso, mais de um milhão de frascos de vacina estão estocados, e a pasta autorizou a ampliação da faixa etária para 6 a 16 anos em casos de frascos próximos ao vencimento.

Estratégias e Desafios

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, destacou que a comunicação unificada é essencial para o sucesso da campanha, mas atualmente é inviável devido à distribuição limitada da vacina. A interrupção da vacinação em escolas após reações alérgicas também contribuiu para a baixa adesão.

O Ministério da Saúde continua a incentivar estados e municípios a reforçarem a busca ativa por jovens não vacinados. A vacina Qdenga, que chegou ao Brasil em janeiro de 2024, é parte de uma estratégia que inclui a aquisição de 15,5 milhões de doses para os próximos anos.