China intensifica reformas rurais para garantir abastecimento em meio a tensões comerciais com os EUA

O governo da China anunciou suas prioridades para 2025 em meio a uma crescente guerra comercial com os Estados Unidos, destacando a necessidade de reformas rurais para garantir o abastecimento agrícola e combater a pobreza. O "documento central número 1" enfatiza a inovação científica e o uso de tecnologia como essenciais para alcançar esses objetivos. A China, maior produtora de arroz, soja, milho e trigo do mundo, ainda depende de importações desses produtos, especialmente dos EUA, embora esteja diversificando seus fornecedores, com o Brasil se destacando como concorrente.

As importações de soja dos Estados Unidos para a China caíram quase 6% no último ano, enquanto as compras de soja brasileira aumentaram 29% em relação ao início da década, totalizando 69 milhões de toneladas em 2023 e 2024. Com as tensões entre Pequim e Washington, o Brasil pode se beneficiar ainda mais dessa situação. O documento chinês ressalta a importância de fortalecer a agricultura local e apela para que os agricultores redobrem esforços para garantir a segurança alimentar.

Desde o final dos anos 1970, as reformas rurais na China têm avançado, com mudanças significativas na posse de terras e na gestão agrícola. Em 1998, o prazo dos direitos contratuais sobre terras agrícolas foi ampliado de 15 para 30 anos. A partir de 2014, as famílias puderam terceirizar a gestão de suas terras, com apoio de entidades governamentais para aumentar a eficiência e a padronização da produção.

Recentemente, o governo chinês liberou dois bilhões de yuans (aproximadamente US$ 287 milhões) para um programa de treinamento de agricultores em técnicas modernas de cultivo, com a meta de capacitar até um milhão de trabalhadores rurais. O objetivo é aumentar a produtividade agrícola e desenvolver 5,3 milhões de hectares adicionais de terras aráveis, elevando o total para 53,3 milhões de hectares.