Municipal bonds enfrentam forte queda em meio a incertezas econômicas e fiscais

Os mercados financeiros dos Estados Unidos enfrentaram uma venda generalizada, impactando severamente o setor de títulos municipais, que já apresentava dificuldades no início de 2025. Os ETFs (fundos negociados em bolsa) de títulos municipais, como o iShares National Muni Bond ETF (MUB) e o Vanguard Tax-Exempt Bond ETF (VTEB), registraram quedas de 2,8% e 2,6%, respectivamente, entre o anúncio de tarifas pelo presidente Donald Trump em 2 de abril e o fechamento do mercado na terça-feira. Essa queda foi mais acentuada do que a do mercado de títulos em geral, que caiu 1,2%, conforme medido pelo iShares Core U.S. Aggregate Bond ETF (AGG).

A situação se agrava com a preocupação sobre a possível remoção da isenção fiscal dos títulos municipais, que surgiu em discussões no Congresso. Relatos indicam que essa remoção poderia ser uma das opções para reduzir gastos governamentais. Apesar de não haver um movimento claro para eliminar essa isenção, a incerteza gera apreensão entre os investidores. Paul Malloy, chefe de U.S. Municipals na Vanguard, destacou que essa questão sempre aparece nas discussões sobre mudanças fiscais.

Além disso, a queda acentuada nos preços dos títulos municipais está tornando seus rendimentos mais próximos aos dos títulos do Tesouro, mesmo sem considerar os benefícios fiscais. Malloy sugere que esse cenário pode representar um "ponto de entrada realmente atraente" para investidores, mas recomenda o uso de fundos diversificados para mitigar os riscos associados a uma possível recessão. A análise de Dan Close, chefe de municipais na Nuveen, aponta que o setor está em um período sazonal fraco devido ao aumento de investidores de varejo que estão apresentando suas declarações de impostos.

As preocupações econômicas, exacerbadas por políticas comerciais agressivas, podem estar afetando a confiança no setor de títulos municipais. Jeannine Lennon, estrategista municipal da UBS, afirmou que tarifas contínuas e uma economia em desaceleração podem impactar a capacidade de arrecadação de receitas pelos emissores municipais, especialmente aqueles que dependem mais do comércio exterior.