Diamantes laboratoriais ganham mercado com preços acessíveis e dominam na China
A produção acelerada de diamantes sintéticos na China provoca queda acentuada nos preços dos naturais, afetando grandes mineradoras.

Especialista inspecionando um diamante na Antuérpia (Foto: Johanna Geron - 30.out.23/Reuters)
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A produção de diamantes sintéticos na China, liderada por Feng Canjun, está revolucionando o mercado global de joias. Na fábrica Jiaruifu, em Zhengzhou, 600 máquinas conseguem criar diamantes de três quilates em apenas sete dias. Com uma produção mensal de cerca de 100 mil quilates, a China responde por mais de 70% dos diamantes sintéticos utilizados em joalheria no mundo.
Esse crescimento acelerado coincide com a queda na demanda por diamantes naturais, resultando em uma drástica redução de preços. Os diamantes naturais de menor quilate atingiram os níveis mais baixos da década, levando grandes mineradoras como De Beers e Alrosa a ver suas receitas despencarem. Em 2023, a receita da De Beers foi metade da registrada no ano anterior.
Impacto no Mercado
A tecnologia para a produção de diamantes sintéticos existe desde os anos 1950, mas sua viabilidade econômica para joias só foi alcançada recentemente. Um diamante sintético de três quilates custa apenas 7% do valor de um natural equivalente. Nos Estados Unidos, esses diamantes já representam 17% do mercado de varejo, um aumento significativo em relação aos 3% de 2020.
A popularização dos sintéticos democratizou o acesso a essas pedras preciosas. Em Zhengzhou, mulheres jovens e aposentadas estão comprando anéis para si mesmas, em vez de esperar por presentes em noivados. Essa tendência se reflete também em outros mercados, como o americano, onde a joalheria online Angara prevê que 80% das alianças de noivado utilizarão pedras sintéticas em cinco anos.
Desafios para o Setor Tradicional
O domínio chinês na produção de diamantes sintéticos é resultado de tecnologia avançada e custos de energia reduzidos. O governo de Henan, em resposta ao crescimento do setor, criou uma associação para regular a produção e impôs um preço mínimo por quilate. Enquanto isso, o setor tradicional tenta reagir com campanhas publicitárias, mas enfrenta uma guerra de preços e uma desaceleração do consumo.
Além disso, a De Beers lançou a marca Lightbox em 2018, mas a estratégia não impediu a queda nas vendas. Entre 2020 e 2024, o preço de um diamante sintético de três quilates caiu de US$ 28,9 mil para US$ 3.900. O futuro do mercado de diamantes naturais parece incerto, com muitos consumidores ainda desconhecendo a origem das pedras que compram.
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